Cónego Ângelo Valadão proferiu segunda conferência dos Encontros Quaresmais da ouvidoria da Praia sobre a Familia como lugar de encontros e desencontros
O exemplo da família de Jacob, história contada no livro do Genesis, serviu de mote para a intervenção do cónego Ângelo Valadão, esta noite na igreja paroquial do Cabo da Praia, durante a qual afirmou que “o amor”, a “tolerância” e o “perdão” são essenciais para evitar desencontros no seio da família.
O tema da conferência inserida no âmbito do Encontros da Quaresma, promovidos pela ouvidoria da Praia, na ilha Terceira, “Família, lugar de encontros e desencontros”, foi apresentado a partir da preferência que Jacob tinha pelo filho José e a onda de ciúmes, inveja, ódio e vingança que isso provocou nos seus nove irmãos.
“A diferenciação, a preferência e outras formas de dizer acepção não cabem dentro da família” disse o sacerdote que é o deão do Cabido Catedralício da Sé.
“Os pais devem amar por igual os filhos; não devem existir preferências: nenhum é igual, são todos diferentes e cada pessoa é aquilo que é e deve ser amado na sua diferença” referiu o sacerdote a propósito do amor na família.
“As diferenças geram ciúmes, ódio, incompreensões e até a vingança”, como aconteceu no caso de José incriminado e espoliado pelos irmãos.
Além da questão do amor, a conferência passou em revista temas como o adultério, a infidelidade, a difamação e a falta de verdade no seio da família como elementos que dificultam a estabilidade das famílias.
O cónego Ângelo Valadão, que foi vigário episcopal para a formação, falou das famílias migrantes que são separadas por causa das “guerras injustas” e de questões económicas, dos filhos que saem de casa e deixam “o síndroma do ninho vazio” e das famílias que são desfeitas “pelo adultério e pela infidelidade” para sublinhar a importância do caminho em família ser feito na confiança da presença de Deus.
“No meio de todas as dificuldades como as que a família de Jacob e de José enfrentaram, a providência de Deus, que nunca nos abandona e nunca abandona as famílias que nele habitam, é fundamental”, mas “nós temos de fazer uma parte”. O sacerdote que leccionou no Seminário de Angra destacou valores como o “perdão e a tolerância” como decisivos para a “confiança” e consequentemente para a estabilidade de uma família.
“Muitas vezes, numa família precisamos de reconhecer o mal que fazemos, para iniciarmos um caminho de mudança interior e numa família todos têm de ser capazes dessa atitude”.
“Devemos treinar a atitude da tolerância com os irmãos” concluiu.
No dia 15 de março, o padre Hélder Miranda, Reitor do Seminário Episcopal, abordará o tema da fidelidade a partir das provações, na Igreja paroquial de São Brás e no dia 22 de março, no IV Encontro, debater-se-á a Família que se alarga com o padre Pedro Lima, pároco de Santa Luzia de Angra. O encontro terá lugar na Igreja Paroquial da Agualva. O último Encontro Família Igreja Doméstica realiza-se a 29 de março e será orientado pelo Padre Gregório Rocha, responsável por vários movimentos da pastoral familiar. Este último encontro tem lugar na Igreja Paroquial das Quatro Ribeiras.