População de Vila Franca do Campo pede elevação da Ermida da Senhora da Paz a Santuário

Pedido foi deixado no final da eucaristia que assinalou o encerramento da Semana diocesana

A comunidade paroquial de Vila Franca do Campo aproveitou a presença do Bispo de Angra na festa de Nossa Senhora da Paz, que se realizou este domingo na ilha de São Miguel, para pedir a elevação da Ermida a Santuário.

“Pedimos que reconheça aquilo que o nosso povo e a alma micaelense têm como pacifico: que a Ermida de Nossa Senhora da Paz, no alto do Monte em Vila Franca do Campo, seja o primeiro Santuário Mariano da ilha de São Miguel, como dita e aclama a piedade popular”, disse o pároco da Matriz de Vila Franca, Pe José Borges, em nome “do que vai no coração de todos”.

E deixou mesmo o desafio para que se aproveite esta “oportunidade única” que é o ano em que se prepara o centenário das aparições em Fátima, altura em que a imagem peregrina visita a diocese, “para que a decisão seja tomada”.

O sacerdote lembrou, ainda,  o passado recente quando o próprio prelado diocesano reconheceu  “ a singularidade deste lugar” indicando-o  como “lugar de peregrinação” no Jubileu do ano 2000, de devoção mariana nas romarias, de indulgências no ano paulino e de tradição da religiosidade popular.

“Este é um lugar especial de vivência cristã para o nosso povo, verdadeiro santuário de espiritualidade mariana para a população de São Miguel”, sublinhou o Pe José Borges, numa espécie de petição entregue ao Bispo de Angra, no final da Eucaristia.

D. António de Sousa Braga, ouviu os aplausos dos fieis presentes mas, sem se comprometer,  pediu-lhes que “rezassem a Nossa Senhora”.

“Sei que este é um desejo antigo, mas há regras que têm de ser respeitadas e órgãos que devem ser consultados, como por exemplo o Cabido. Por isso rezem a Nossa Senhora para que os novos cónegos sejam iluminados e o assunto seja resolvido rapidamente”, disse o responsável pela diocese de Angra, sublinhando que é preciso “garantir um movimento de peregrinos repetido e continuado ao longo de todo ano”.

D. António de Sousa Braga presidiu à eucaristia concelebrada por 13 sacerdotes da ilha de São Miguel, entre eles os ouvidores de Vila Franca do Campo, Pe Artur Cassiano; de Ponta Delgada, Pe José Constância e dos Fenais de Vera Cruz, Pe Carlos Simas. Estiveram igualmente presentes três outros sacerdotes das ouvidorias de Capelas, Pe Hélio Soares; da Lagoa, Pe Nuno Maiato e da Ribeira Grande, Pe José Cláudio, bem como os padres Marco Gomes, Paulo Borges, Jason Gouveia, Ricardo Tavares, Frei Mário Jorge e Monsenhor Weber Machado.

O Bispo de Angra pediu aos fieis que mantivessem sempre presente a ideia de que Jesus é a “pedra angular” da Igreja e por isso, a igreja deve ser construída com base no seu exemplo.

“Nós precisamos de reavivar a nossa fé, fazendo com que sejamos um só povo que segue o caminho do amor que tem a máxima expressão na misericórdia”, disse o prelado diocesano, o segundo a celebrar uma missa nesta Ermida. O primeiro Bispo de Angra a fazê-lo foi D. Manuel Afonso Carvalho, em fevereiro de 1969.

“Cada vez mais temos de nos colocar no lugar do outro, e o outro é sempre o irmão excluído, aquele que não tem nada e que nós sabemos respeitar, sem esmagar ou subjugar”, concluiu D. António de Sousa Braga.

A eucaristia de encerramento da semana diocesana foi animada pelo grupo coral de São Miguel Arcanjo, de Vila Franca do Campo; no final da celebração os fieis leram em conjunto uma oração pela paz e o Bispo de Angra lançou simbolicamente uma pomba “pela Paz no mundo”. Durante a celebração foi invocada a memória do Pe António Jacinto de Medeiros, grande impulsionador da ideia da elevação a Santuário.

A Ermida de Nossa Senhora da Paz foi construída em 1764, mas remonta a um templo mais primitivo, erguido possivelmente no século XVI, no local onde um pastor terá encontrado uma imagem da Virgem numa gruta. O atual templo, erguido sobre o anterior, data do século XVIII e tem a particularidade do acesso ser feito por uma escadaria de 100 degraus, cujos patamares representam os mistérios “gososos e dolorosos”, correspondendo no seu conjunto a dois terços do rosário.

O templo encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Governo Regional dos Açores desde 1991.

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