Administrador Diocesano presidiu à missa da noite de Natal na Sé e desafiou açorianos a verem este sinal de Deus nos mais frágeis e pequeninos
O cónego Hélder Fonseca Mendes exortou os açorianos a fazerem do Natal um lugar para o “amor de Deus” em vez de um “intervalo para uma alienação consumista” na homilia da Missa da noite de Natal a que presidiu na Sé enquanto Administrador Diocesano pelo segundo e último ano consecutivo.
A partir da liturgia ,que nos apresenta o nascimento de Jesus como um sinal de uma nova humanidade, o sacerdote desafiou os diocesanos, a partir da catedral, a fazerem do presépio um programa de vida.
“Às vezes estamos tão cheios de nós mesmos, inchados de vento, de preocupações intranscendentes, de frivolidades e indiferenças que não damos conta de nada, nem dos sinais” de Deus, que se vêem nos mais pobres e nos mais frágeis.
“Celebrar o Natal deveria significar fazer lugar para o amor de Deus no nosso programa de vida” afirmou sublinhando que os cristãos devem estar atentos aos sinais.
“Quer isto dizer que o sinal é sempre o mesmo, ontem, hoje, e por toda a eternidade, no presépio, no altar da Eucaristia e no sepulcro vazio: Jesus encarnado, sacramentado e ressuscitado”, disse clarificando: “o sinal é o rebaixamento total de Deus. O sinal deu-se quando nessa noite Deus amou a nossa pequenez e se fez ternura; ternura para toda a fragilidade, para todo o sofrimento, angústia, procura e limite. O sinal é o amor de Deus”.
O cónego Hélder Fonseca destacou que este amor alivia “os cansados e oprimidos” porque assenta “na humildade do coração”.
“É em Jesus nascido, que o amor de Deus pela humanidade se manifesta de forma extraordinária. Acolher esta graça tem naturalmente implicações que nos altera a vida, para melhor”, explicitou.
Retomando a ideia chave da mensagem que dirigiu a todos os diocesanos na noite de Natal, o cónego Hélder Fonseca Mendes afirmou que a graça de Deus é fonte de salvação para todos os homens e ensina “a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade”.
“A graça é o rosto de Deus que sorri à Humanidade, os seus braços que se abrem e alargam, as suas mãos que agarram quem está prestes a afundar-se na lama do mal, do pecado, da dor”, afirmou . Além da graça apresentou mais duas consequências deste amor: a ternura, que “tem o coração como epicentro, em sentido contrário à revolução auspiciada pelas armas, baseada no ódio, no rancor e na vingança” e a “fraternidade”.
No final, o sacerdote, que deixará de ser Administrador Diocesano no próximo dia 14 de janeiro, invocou a bênção de Deus para que o dom da paz e do amor “seja derramado em todos os corações”.
Missa do Galo transmitida a partir da Matriz da Horta
Este ano a missa transmitida pela RTP Açores foi a celebrada na Horta, presidida pelo ouvidor, padre Marco Luciano Carvalho, e concelebrada pelo padre João Bairos, dehoniano, que regressou este ano aos Açores, de onde é natural.
O presidente da celebração pediu a todos os presentes para não deixarem de sonhar com a paz e com a fraternidade e lembrou as vítimas de uma guerra “horrível e injusta” como são todas as guerras, mas em particular a guerra da Ucrânia.
“Não podemos esquecer aqueles que neste momento vivem o horror da guerra, a guerra horrível e injusta que se vive em tantos sítios, mas particularmente na Ucrânia, que nos remete para uma imagem que nos faz lembrar um mundo sem Deus, sem amor e sem luz, que vive na escuridão. Não deixemos de sonhar com a paz e tudo fazer para alcançar”, disse o padre Marco Luciano Carvalho.
O sacerdote afirmou que o acontecimento da noite de Natal é uma “história de amor” que nos mostra que é pelo amor que a paz se constrói.
“De Jesus recebo amor, mas com Ele sou chamado a dar amor, aos doentes que estão em sofrimento, aos idosos esquecidos em casas frias de afecto e reclamam uma palavra ou apenas um gesto, amor aos reclusos privados do lar e da família, amor a tantas pessoas que neste preciso momento sofrem os mais variados ataques particularmente devido à guerra” afirmou.
“Quando Cristo for um acontecimento temos tudo em Cristo e Cristo é tudo para nós” afirmou lembrando que com Ele a história da humanidade passou a ser outra: “os protagonistas da história são os que não estavam no centro”, disse o padre Marco Luciano Carvalho.
“É uma lição para o que deve ser a Igreja e o cristão: colocar no centro os que estão longe, desconsiderados e aqueles que não têm voz” concluiu.
A RTP Açores transmite sempre a Missa do Nascimento do Senhor, comumente conhecida como a Missa do Galo alternadamente entre as três igrejas dos três centros político administrativos do arquipélago: Angra, Horta e Ponta Delgada.
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