No dia do seu aniversário, este sábado, o Papa Francisco entregou um “particular sinal de gratidão” a três pessoas que, em situações de vida muito diversas, vivem a caridade para com os mais pobres dos pobres.
O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado na Sala do Consistório, no Vaticano uma delegação do «Prémio Madre Teresa», cerca de 50 pessoas, e na saudação agradeceu “a visita tão cheia de afeto e de mensagens”, lê-se no site Vatican News.
Na sua mensagem, o Papa Francisco recordou o legado de Madre Teresa de Calcutá que deixou ao mundo “uma mensagem de pobreza, uma mensagem de proximidade, uma mensagem de fraternidade e uma mensagem de oração”.
“Também a oração em tempos escuros, porque esta mulher passou por verdadeiras tempestades espirituais com escuridão interior, mas ela continuou a rezar”, sublinhou Francisco.
O Papa Francisco concluiu dizendo: “ajude-nos Madre Teresa do céu a viver a pobreza com simplicidade e com a oração. Assim, podemos ajudar os outros, e não é mera caridade; que é uma coisa boa, uma beneficência é boa, mas é pagã. Cristã é a proximidade, a caridade com oração. E isto é bom”.
O Dicastério para o Serviço da Caridade (Santa Sé) informou que em recordação de Madre Teresa, na manhã do dia 17 de dezembro, dia do seu aniversário, o Papa Francisco entregou um particular sinal de gratidão a três pessoas que, em situações de vida muito diversas, vivem a caridade para com os mais pobres dos pobres.
As três pessoas são o padre Hanna Jallouf, franciscano, que vive entre os pobres da Síria, “em tempo de guerra, contínua e devastadora”; Gian Piero, uma pessoa em situação de sem-abrigo, conhecida como Wué, “que todos os dias destina uma parte das ofertas que recebe para ajudar pessoas mais pobres do que ele”; e Silvano Pedrollo, empresário de Verona, na Itália, quem emprega “uma parte significativa dos lucros da sua empresa para assistir e socorrer os mais pobres em várias nações da África, Índia e América Latina, construindo escolas, poços e unidades de saúde”.
O gesto do Papa, “simples mas significativo”, é patrocinado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, visa “recordar Madre Teresa de Calcutá”
O Vaticano evoca a “maravilhosa herança” da santa, falecida na Índia, em 1997, e o trabalho das mais de 6 mil Missionárias da Caritas que continuam a sua missão, em 762 casas espalhadas pelos cinco continentes.
Já amanhã, sairá uma entrevista sua no jornal espanhol ABC. Nessa entrevista, o Papa lamenta a utilização de pallavras suas “fora de contexto” para proveito próprio de quem as utiliza.
“Há seis ou sete anos, um candidato argentino veio à Missa. Eles tiraram uma foto fora da sacristia e eu lhe disse: ‘Por favor, não a use politicamente’. ‘O senhor pode ficar tranquilo’, respondeu ele. Uma semana mais tarde, Buenos Aires foi inundada com aquela foto, adulterada para fazer parecer que se tratava de uma audiência pessoal. Sim, às vezes eles me usam. Mas nós usamos Deus muito mais, então eu fico quieto e vou em frente”, lê-se no site Vatican News em relação a uma resposta do Papa Francisco.
Na entrevista ao diretor do ABC, Julián Quirós, e ao correspondente no Vaticano do jornal espanhol, Javier Martínez-Brocal, o Papa Francisco realçou que o governo faz-se “com a cabeça e não com o joelho” e que a decisão de “não fazer a operação ao joelho foi a mais acertada”
Não poder sair e andar na rua é uma das maiores dificuldades desde que é Papa.
“Em Buenos Aires eu era muito livre. Eu usava os transportes públicos, eu gostava de ver como as pessoas se moviam”, disse.
Para este Natal, o Papa Francisco pedia como presente a paz no mundo.
“Quantas guerras há no mundo! A da Ucrânia toca-nos mais de perto, mas pensemos também em Mianmar, Iémen, Síria, onde se combate há treze anos…”, lê-se.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936; filho de migrantes italianos, trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus, licenciando-se em filosofia e teologia.
Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).
João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Antonio Quarracino.
O primaz da Argentina seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos.
Tem como lema ‘Miserando atque eligendo’, frase que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “Olhou-o com misericórdia e escolheu-o.”
O cardeal Jorge Mario Bergoglio seria eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e também o primeiro pontífice sul-americano.
O Papa fez, desde 2013, 39 viagens internacionais, nas quais visitou 58 países, incluindo Portugal (2017).
Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade humana e a amizade social; ‘Laudato si’, dedicada a questões ecológicas; a ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI; as exortações apostólicas ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho); ‘Amoris Laetitia’ (A alegria do amor), após as duas assembleias sinodais sobre a família; “Gaudate et Exsultate”, sobre o chamamento à santidade no mundo atual); “Christus Vivit”, dedicado aos jovens, após o Sínodo de 2018; e “Querida Amazónia”, na sequência do Sínodo especial dedicado a esta região, em 2019.
Nos nove anos de início solene do seu pontificado, a 13 de março de 2022, o Papa promulgou a esperada nova constituição ‘Praedicate evangelium’ (Pregai o Evangelho), que propõe uma Cúria mais atenta à vida da Igreja Católica no mundo e à sociedade, com maior protagonismo para os leigos e leigas.
(Com Ecclesia e Vatican News)