“O Advento traz-nos o sentido do caminho e convoca-nos à vigilância e à atenção ao outro”, afirma padre Duarte Melo

O mundo católico celebra o primeiro domingo do Advento que nos leva ao Natal, um caminho com quatro propostas: vigilância, conversão, testemunho e anúncio

O Advento deve ser encarado e vivido como “um grito de esperança” que convoca os cristãos a ler os sinais do tempo que vivem com “maior lucidez e discernimento” afirma o padre Duarte Melo numa entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar este domingo no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

“O Advento é um grito de esperança para podermos recomeçar o caminho da fé, escutarmos a palavra de Deus e assumir a vida como um lugar de vigilância no discernimento” afirma o sacerdote, pároco de São José, uma das quatro paróquias da cidade de Ponta Delgada, a maior da diocese de Angra.

“Sabemos que há muita gente que vive em dias de superficialidade e o Advento vem resgatar esta dimensão fundamental da vida que é o sonho, o futuro” refere o padre Duarte Melo que apela a um olhar especial “sobre os mais feridos da vida”.

“Este período convida-nos assim a um olhar sobre os mais feridos da vida” que são “uma multidão imensa de gente que nem sempre se consegue contar. Estou a lembrar-me das pessoas que estão a viver um tempo muito duro trabalhadores independentes (chamados recibos verdes) precários, que aqui nos Açores são muitos… Estamos a roubar o futuro a estas pessoas e o Advento vem-nos lembrar todas estas situações” refere o sacerdote exemplificando ainda com o “crescimento dos sem abrigo” ou “a exploração de imigrantes”.

“O Advento traz-nos o sentido do caminho, em que a liturgia nos centra na importância da vida e nos convoca a uma vigilância para que nos tornemos inteligentes no pensamento porque assim somos capazes de discernir e viver melhor o nosso tempo, com mais lucidez. E, é esta lucidez, que poderá salvar o futuro e o futuro destas ilhas”, afirma ainda.

O sacerdote aproveita a entrevista para criticar uma “cultura de celofane” que muitos vivem por esta altura, centrando-se apenas “no prazer de consumir”.

Por isso, conclui, o Advento “é esta chamada de atenção para lermos os sinais desta sociedade, sermos pessoas disponíveis para uma acção concertada e articulada para darmos respostas mais eficazes aos problemas que nos surgem”.

O Advento é o período de quadro domingos que precede o Natal e tem a duração de quatro semanas. A liturgia convida a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: a primeira semana do Advento está centrada na vinda do Senhor ao final dos tempos e a liturgia convida-nos à vigilância; a segunda convoca-nos a preparar “os caminhos do Senhor”; isto é, a manter uma atitude de permanente conversão; a terceira semana preanuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor e, finalmente, a quarta semana fala-nos do Advento do Filho de Deus ao mundo. Maria é figura central, e a sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.

A cor dos paramentos do altar e as vestes do sacerdote é o roxo, igual à da Quaresma, que simboliza austeridade e penitência.

Scroll to Top