Cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu à festa de Santa Catarina de Alexandria, na Calheta e pediu aos jorgenses para desenvolverem um verdadeiro espírito de comunidade
O Administrador Diocesano presidiu esta manhã à festa de Santa Catarina de Alexandria na vila da Calheta, na ilha de São Jorge, e apelou aos jorgenses que reabilitem o “pacto comunitário”, empenhando-se “numa qualificação fraterna da vida comum, ultrapassando a indiferença e o descarte dos outros”.
No dia em que a Igreja celebra a santa padroeira dos filósofos e “padrão de vida” dos jorgenses, deste lugar da Calheta, pela sua “humildade, pureza, coragem e testemunho”, o cónego Hélder Fonseca Mendes sublinhou que se trata do momento oportuno para valorizar a vida comunitária que é sempre necessária.
“Celebrar este dia significa reabilitar o pacto comunitário que é a nossa raiz. Sentir que fazemos parte uns dos outros, empenharmo-nos na qualificação fraterna da vida comum, ultrapassando a cultura da indiferença e do descarte”, afirmou na homilia.
“Uma comunidade desvitaliza-se quando perde a dimensão humana, quando deixa de colocar a pessoa humana no centro, quando não se empenha em tornar concreta a justiça social, quando desiste de corrigir as assimetrias que nos desirmanam, quando, com os olhos postos naqueles que se podem posicionar como primeiros, se esquece daqueles que são os últimos” alertou ao lembrar um episódio da história recente, durante a crise sísmica “um tremendo susto”- que obrigou metade da ilha a fugir de um concelho e a outra metade a preparar-se para a receber, para exemplificar a importância das relações sociais de vizinhança.
“Os membros de uma comunidade humana e cristã não estão unidos por uma raiz ocasional. Estão ligados por um múnus, isto é, por um comum dever, por uma tarefa partilhada. Perguntemos então: Que tarefa é essa? O que me compete? Qual é a primeira tarefa de uma comunidade? Cuidar da vida. Não há missão mais grandiosa, humilde, criativa ou atual” afirmou o sacerdote.
O cónego Hélder Fonseca Mendes começou a homilia a falar do exemplo de Santa Catarina, a jovem mártir que uma vez convertida ajudou outros a converterem-se a Deus.
“Quem dera que cada um de nós fizesse o percurso de vida da jovem Catarina que, numa experiência mística ou espiritual, se encontrou com Cristo e mudou radicalmente a sua vida, dando de tal modo testemunho d’Ele que mereceu a palma do martírio.”, afirmou lembrou que depois de um tempo de pandemia e de guerra, como o que vivemos deve manter-nos Atentos aos outros.
“A tempestade ou a crise sismo vulcânica recorda-nos a vulnerabilidade, com a qual temos de contar. Vivemos sobre umas fogueiras do mar que chamamos de ilhas, que ainda fumegam. Todos somos chamados a perseverar com realismo e diligência a tratar com sabedoria das nossas feridas, pois essa é a condição de tudo o que está sobre este mundo”, concluiu.
O padre Manuel António, pároco de Santa Catarina, na Calheta, manifestou a alegria de “voltar a haver festa” pós pandemia e pede mais participação.
“Já faço esta festa há 33 anos, tantos anos quantos cá estou na Calheta, e a festa quando cheguei não era nada disto, era mais viva e participada, porque havia mais gente nascida na Calheta, mais população”, afirmou em declarações à Rádio Ilhéu.
O sacerdote considerou que foi um “tempo difícil na vida comunitária” e sente “necessidade de ver mais participação e colaboração”.
“Faço um apelo a que as pessoas participem na vida da comunidade, retomem a sua devoção e a sua vida ligada ao transcendente”, indica.
A Festa de Santa Catarina de Alexandria, que chegou às ilhas durante o povoamento, é celebrada em várias paróquias dos Açores, que a têm como santa padroeira.
(Foto do facebook de Teresa Azevedo)