Cáritas precisa de “dar respostas estruturadas” para além da resposta de apoio social imediato, afirma Anabela Borba

Presidente da Cáritas Diocesana apresenta campanha 10 Milhões de Estrelas, que já começou

A resposta da Cáritas, seja da diocesana seja das diferentes ilhas, “tem de ser mais estruturada” de outra forma a relevância e o papel social desta instituição fica aquém da sua missão, afirma  a presidente da Cáritas ao programa de rádio Igreja Açores, que foi para o ar este domingo.

“Onde a resposta está mais estruturada é na Terceira e em São Miguel onde há respostas diárias, com ação permanente e não só respostas sociais, que sendo importantes, não chegam” refere Anabela Borba.

“Temos de dar resposta às populações de forma sistemática e temos de estar presentes para podemos medir a temperatura social de forma permanente” refere a dirigente que elege este como o principal assunto do caderno de encargos que vai levar ao novo bispo, depois da entrada na Diocese a 15 de janeiro de 2023.

“O facto de não termos mais problemas diagnosticados prende-se com esta falta de resposta nas diferentes ilhas” refere a dirigente que lamenta que em ilhas como São Jorge, o Pico ou Faial, a Cáritas permaneça assente numa estrutura de voluntários, “que é muito importante, mas não chega”.

“As Cáritas dos Açores não estão activas nem despertas para as questões da precariedade que hoje se colocam”, refere a dirigente, “primeiro porque não conhecem a realidade concreta e segundo porque a sua vocação não tem sido essa”.

“Sendo a Cáritas diocesana destinada a pessoas de fim de linha, em situações de extrema pobreza, as pessoas com vidas estruturadas mas pobres e com rendimentos que não chegam para pagar as suas contas, não chegam à Cáritas porque nós não temos possibilidade de as ajudar. Estas pessoas não precisam de apoio alimentar mas de dinheiro, que nós não podemos dar” constata sublinhando que, “talvez por isso o aumento de procura da Cáritas em termos nacionais seja muito diferente da que se regista nos Açores”.

“Não é que os problemas não existam;  nós é que não trabalhamos esta área. Em São Miguel, por exemplo, a Cáritas está muito orientada para os sem abrigo e nós, na Terceira, para os programas de pobreza”, refere ainda.

“Demos e damos prioridade aos que têm menos, foi um critério. Estas pessoas, que começam agora a procurar apoio, não precisam exatamente de apoio alimentar mas de dinheiro para fazer face, por exemplo, ao aumento das taxas de juro”,  reitera .

Por outro lado, reconhece que os programas governamentais de luta contra a pobreza, nomeadamente no que toca a apoios financeiros e de requalificação no trabalho, têm surtido “algum efeito”. O factor “família” e “vizinhança” continuam, também, a ser categorias básicas para lidar com o problema da pobreza.

Este ano todas as ilhas aderiram à campanha 10 Milhões de Estrelas pela Paz, um campanha nacional que começou no domingo passado e que celebra este ano duas décadas.

A iniciativa, que junta em simultâneo o apelo à paz e a angariação de fundos para lutar contra a pobreza, “continua a fazer sentido e continua muito atual” refere a dirigente.

Este ano 35% das verbas angariadas serão para o contributo à ajuda emergente nos países lusófonos, como Moçambique, por exemplo e a restante receita conseguida será canalizada para as diferentes Cáritas para a sua missão habitual.

A Ucrânia continua na mira dos dirigentes nacionais; até ao momento dos 700 mil euros arrecadados na ultima campanha, 400 mil já chegaram à Ucrânia, ou às Cáritas dos países de acolhimento. A Cáritas diocesana ainda tem refugiados nas suas instalações residenciais, mas muitos já se autonomizaram.

“São pessoas muito estruturadas que desejam construir soluções rápidas para se tornarem independentes” refere.

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