Por Renato Moura
Lembro-me desta, contada por um professor: Dois homens estavam muito zangados e ameaçavam agredir-se. Um deles, fisicamente fraco, foi agarrado por um seu sócio, mas a partir daí aumentou as ameaças e estrebuchava mais, aparentando sinais de querer esfacelar o adversário de forte estatura. O sócio que agarrava o fraco ameaçou: fica quieto, se não eu deixo-te!
Na realidade, em muitas situações da vida há derrotados e fracos que alcançaram poder por circunstâncias improváveis. Por vezes atingiram poderes quando o sócio maioritário precisou de uma pequena ajuda para chegar onde almejava. Apanhando-se na farinha, já se julgam moleiros! Experimentam ameaçar e quando bem-sucedidos usam e abusam! E por vezes o sócio não tem coragem de os largar à sua sorte, pois tem medo de sozinho não se aguentar. E fica a sociedade exposta ao risco da falência!
A lealdade é uma virtude, é uma atitude consciente. É acto de decência e rectidão. É uma oportunidade de demonstração de honra, tanto mais louvável quando praticada em circunstâncias adversas. A lealdade não é apenas para com as pessoas, também com os compromissos e as causas, sobretudo com os princípios.
A lealdade pratica-se sem alardear. Para isso convém estar ligada à virtude da modéstia. Quem fala muito – segundo o ditado – pouco acerta; e quem não resiste à tentação de aparecer a propósito de tudo, frequentemente não honra as suas palavras. A verborreia e a busca incessante de aplausos confundem-se com jactância.
Há quem acuse as organizações e os agentes de falta de bom senso, mas perde toda a razão se o faz abusando igualmente da falta de senso. E quando um suposto responsável aponta as rebeliões como podendo não contribuir para a dignificação das classes, faz sentido praticar a rebelião dentro da sua própria estrutura?! Mas a tentação de mandar em tudo invade o campo dos poderes alheios, presta-se à confusão com ânsia ditatorial, expele setas odiosas, que, com ricochete, até podem atingir a própria classe!
O dinheiro condiciona muitos cidadãos, alguns profissionais. Ou acusadas classes? Mas o maldito dinheiro do erário público, também gera tentações de sugerir e impor investimentos, talvez jamais sonhados: procura-se, como moeda de troca, notoriedade pessoal e proveito partidário!
Sim, há violações grosseiras. Uma delas é a persistente falta de respeito e de lealdade no seio de qualquer estrutura, perante algum dos pares. Se são governantes é mais grave, porque afirmaram solenemente e por sua honra que cumpririam com lealdade as funções.