Vinho Lajido chegou ao Vaticano e foi elogiado pelo Papa Francisco

O verdelho do Pico é o vinho servido nas Missas da diocese

O vinho Lajido, produzido pela Adega Vitivinícola da ilha do Pico e utilizado nas missas da diocese de Angra, desde 2014, chegou ao Vaticano e é do agrado do Papa.

Numa recente reunião da diplomacia vaticana, o Papa fez uma breve alusão ao néctar servido em tempos na corte dos czares da Rússia.

A notícia foi avançada pelo jornal Ilha Maior, num texto assinado pelo comendador Manuel Serpa, que dava conta do entusiasmo do Papa Francisco com este vinho numa conversa tida com dois membros açorianos do Clero.

Este vinho é servido na sagrada eucaristia, nas paróquias açorianas, de Santa Maria ao Corvo, desde janeiro de 2014, com qualidade certificada de acordo com os preceitos canónicos em vigor; é produzido na região e tem a marca Açores.

No dia do lançamento do Lajido Reserva 2004, cujo lote era composto por 3000 garrafas adquiridas à Adega Cooperativa Vitivinícola do Pico por Decreto Episcopal, assinado pelo então bispo d e Angra, D. António de Sousa Braga, o Vigário Geral da Diocese, hoje Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, formulou o desejo de que este vinho pudesse chegar ao Vaticano a tempo de poder ser servido, em março , nas celebrações do primeiro aniversário da nomeação do Papa Francisco tendo sido enviadas duas caixas para o Vaticano.

Na cerimónia de lançamento, o primeiro a usar da palavra foi justamente Manuel Serpa, sacerdote dispensado do serviço e um dos confrades da Confraria do Vinho do Pico, que fez um resumo histórico da vinha e do vinho do Pico desde os primórdios do povoamento da ilha.

Manuel Serpa relacionou os elementos fundamentais da ilha, a começar pela pedra, com evocações bíblicas determinantes como a “pedra angular em que o próprio Cristo constituiu Pedro, sobre o qual se edificou toda a Igreja; a mesma pedra lávica da ilha que se transformaria em pedra de altar no qual se desenvolveria o ritual eucarístico que continua a celebrar o milagre da transformação do vinho”.

Manuel Serpa evocou Frei Pedro Gigante, o primeiro clérigo da ilha do Pico e introdutor das cepas de verdelho produtoras de “bons vinhos como este que passa a ser servido nos altares das nossas igrejas” e relacionou o “trabalho árduo” dos picarotos na produção vitivinícola com os conhecimentos dos religiosos conventuais que souberam elaborar o “precioso néctar dos deuses, agora elevado a néctar para Deus e, segundo a nossa fé, transformado no próprio sangue de Jesus Cristo”.

E, depois de referir praticamente todas as influências históricas que se registaram nas ilhas a partir do vinho do Pico, Manuel Serpa terminou concluindo que “nenhum outro vinho merece, mais do que este, o altar do Sacrífico porque nenhum outro é resultado de tanto sacrifício humano”.

Seguidamente o Ouvidor da ilha do Pico, padre Marco Martinho, leu o decreto episcopal, único em toda a história da diocese de Angra, que estabelece esta aquisição de um lote de 3000 garrafas da reserva de 2004, ano em que a paisagem da vinha do Pico foi classificada como Património Cultural da Humanidade, para serviço eucarístico em todas as paróquias açorianas.

 

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