O Papa dirigiu hoje uma crítica à mercantilização dos bens alimentares, numa mensagem dirigida ao Fórum Mundial da Alimentação promovido pela FAO.
“A alimentação é fundamental para a vida humana. De facto, participa da sua sacralidade e não pode ser tratada como qualquer mercadoria. Os alimentos são sinais concretos da bondade do Criador e frutos da terra”, referiu, num texto espanhol, lido aos participantes na iniciativa promovida pela Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU.
Francisco deixou um elogio a todos os que “se comprometem e se esforçam todos os dias para erradicar a fome e a pobreza no mundo”.
“A nossa primeira preocupação deve concentrar-se no ser humano como tal, considerado na sua integridade e levando em conta as suas necessidades reais, em particular aquelas que carecem do sustento básico para a sobrevivência”, indicou.
“Respeitar os alimentos e dar-lhes o lugar preeminente que ocupam na vida humana só será possível se, além da preocupação com a sua produção, disponibilidade e acesso, bem como com as medidas técnicas do comércio agrícola, tomarmos consciência de que são um dom de Deus do qual somos meros administradores”.
Ainda hoje, o Papa recebeu no Vaticano cerca de 50 empresários espanhóis, que incentivou a transformar “o rosto da economia com criatividade, para que ela possa estar mais atenta aos princípios éticos”.
“A vossa atividade está a serviço do ser humano, não só de poucos, mas de todos, especialmente dos pobres”, declarou, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Francisco apresentou preocupações sobre a guerra e a crise ambiental, pedindo uma nova relação entre economia e finanças.
“A conversão económica será possível quando vivermos uma conversão do coração; quando formos capazes de pensar mais nos necessitados; quando aprendermos a colocar o bem comum antes do bem individual; quando entendermos que a falta de amor e justiça nas nossas relações são consequências de uma negligência da nossa relação com o Criador, e isso também se repercute na nossa Casa comum”, disse.
No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o Papa defendeu que a “miséria deve ser combatida”, destacando que os empresários têm “bons instrumentos” para isso, “como a possibilidade de criar empregos”.
“Temos um remédio para combater a doença da miséria: o trabalho e o amor pelos pobres. Sejam criativos no planeamento do trabalho, sejam criativos e isso dará muito mais força”, sublinhou.
(Com Ecclesia)