Administrador Diocesano preside à Missa de encerramento do XV Congresso Insular das misericórdias dos Açores e da Madeira e do programa das comemorações dos 500 anos da Misericórdia da Horta
O Administrador Diocesano voltou a pedir uma atenção e apoio especiais dos poderes públicos e privados na luta das Misericórdias contra a pobreza, esta manhã no Faial.
Na homilia da Missa de encerramento do XV Congresso Insular das Misericórdias dos Açores e da Madeira, que culmina também um vasto programa comemorativo dos 500 anos da Misericórdia da Horta, o cónego Hélder Fonseca Mendes lembrou o bem praticado por estas instituições e reclamou mais atenção às suas necessidades.
“Esta instituição não é pública nem privada, no sentido que não é do Estado nem de privados, embora não sobreviva sem eles. É particular, social e comunitária, fruto dos irmãos que se associaram para fazer o bem, sempre que seja necessário, em situações em que a resposta não aparece, não é possível construir individualmente, tarda a aparecer ou a fragilidade humana reclama” afirmou o sacerdote, destacando que a obra social da Igreja e das misericórdias, em particular, está sempre inacabada, exigindo sempre novas respostas.
“O ideal é sempre o mesmo : o compromisso apenas foi sofrendo ligeiras alterações; a fidelidade aos seus princípios mantém-se sempre criativa na resposta às obras de misericórdia(…) as pessoas são sempre novas e diferentes, cada rosto que chega é único, sempre inacabado, com uma história irrepetível e exigências maiores. A alegria e o prazer de praticar a misericórdia e de dar o melhor de si mesmo suplantam as dificuldades” afirmou.
O cónego Hélder Fonseca Mendes lembrou o papel das misericórdias e a ligação destas às Irmandades do Espírito Santo e elogiou o trabalho de todos os que, de forma voluntária ou profissionalizada, se empenham no cuidado aos mais frágeis e vulneráveis.
“Trabalhar com a dedicação de amadores e com a competência de profissionais nem sempre é fácil, de tal modo que não se caia nem no voluntarismo ingénuo nem na ditadura do mérito ou da técnica. O que seria desta Misericórdia sem os seus trabalhadores mais humildes, que reclamam por melhores condições laborais, sem os seus irmãos e beneméritos, sem os membros dos órgãos sociais, verdadeiros motores da instituição, animados pelo evangelho, pela caridade e pela justiça?” interpelou, saudando a “abnegação, generosidade e sacrifício escondidos” no trabalho das Misericórdias em geral mas, sobretudo, da Misericórdia da Horta que completa 500 anos, tendo sido criada ainda antes da própria diocese de Angra.
“Quando levamos uma semana de más notícias de comportamentos impróprios e reprováveis de membros da Igreja católica em Portugal, nos últimos 70 anos, que usaram mal o poder e a confiança que lhes foi depositada, renovamos a fé n’Aquele que nos conforta e nos consola, através da Igreja como sacramento universal de salvação, e acolhemos com frescura o aniversário, por 500 vezes assinalado, da Santa Casa da Misericórdia da Horta, uma das instituições mais antigas dos Açores e do Faial; mais antiga do que a própria diocese de Angra, que só daqui a 12 anos é que completará cincos séculos de existência”, disse ainda.
A partir da liturgia proclamada esta domingo, o sacerdote, que está quase a cumprir um ano desde que foi nomeado Administrador Diocesano (30 de novembro de 2021) após a saída de D. João Lavrador para Viana do Castelo, falou da principal mensagem do Evangelho- a confiança em Deus e na sua misericórdia-, a partir do episódio de uma pobre viúva que recorre a um juiz iníquo.
“Esta viúva, símbolo da fragilidade e da indigência humana, sabia lutar pelos seus filhos, tal como tantas mulheres e mães lutam hoje. Uma forma pacífica de lutar é rezar uns pelos outros” afirmou rejeitando a indiferença diante do mal.
“A luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência(…) Há uma luta a empreender todos os dias. Deus é o nosso aliado” frisou destacando o poder da oração.
“Deus convida-nos a rezar com insistência, não para se fazer rogado, nem por não saber as nossas necessidades, nem porque não nos ouve. Nas dificuldades o Senhor está ao nosso lado, não lutamos sozinhos; a nossa arma é a oração, que nos faz sentir a sua presença amorosa ao nosso lado, a sua misericórdia, e também a sua ajuda”, concluiu.
Na homilia, o Administrador Diocesano deixou ainda uma palavra de gratidão a dois provedores de misericórdias açorianas que faleceram recentemente: Frederico Maciel, provedor da SCM de Velas (São Jorge) e José Humberto Chaves, provedor da SCM de Vila do Porto (Santa Maria).