O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que é necessário retomar “muitas dimensões do Concílio Vaticano II que ficaram esquecidas” e que rejeitam modelos onde uns “produzem religião” e outros a consomem ao fim de semana.
“Na Igreja não há uns que produzem religião e outros que vêm consumir ao fim de semana”, disse D. José Ornelas à Agência ECCLESIA no contexto dos 60 anos da abertura do Concílio Vaticano II, que hoje se assinalam.
O presidente da CEP lembrou que a Igreja “tem de ser um processo de todos”, onde “todos participam, todos têm voz e onde todos têm responsabilidade na evangelização, que é a missão da Igreja”.
“Antigamente nós pensávamos sempre no nosso modelo que exportávamos, seja de sociedade seja de Igreja. Hoje – e é o que se lê nos Atos dos Apóstolos – e à medida que a Igreja foi avançando para novas culturas, para novos modos de pensar, a Igreja teve de se reestruturar, não para se adaptar ao mundo, mas para se inserir no mundo e ser fermento”, afirmou.
D. José Ornelas lembrou que Jesus passou “30 anos a adaptar-se” para depois passar três anos “a anunciar o mundo que queria”.
“Nunca pensei que este caminho fosse fácil. Jesus não prometeu que este caminho fosse fácil, prometeu que estava connosco”, sublinhou.
Na entrevista que será emitida no programa ECCLESIA na Antena 1 do próximo domingo (16 de outubro), D. José Ornelas disse que é necessário transformar as estruturas e o “modo de exercer as lideranças dentro da Igreja”, seguindo o “espírito do Concílio Vaticano II”, que tem na dimensão sinodal uma referência identitária.
“A sinodalidade é uma forma concreta, desde as origens da Igreja da nossa identidade. A Igreja é por natureza sinodal, onde os cristãos e os batizados, segundo os dons e as funções e ministérios dentro da Igreja, constituem o tecido eclesial”, referiu.
A respeito do processo sinodal em curso na Igreja Católica, D. José Ornelas disse que apenas foi dado “o primeiro passo” de uma “ocasião rara que acontece na Igreja”.
“Nós só demos o primeiro passo, que até deixou as pessoas contentes com o que se fez, mas esperam mais. Isto não pode ter sido uma ocasião rara que acontece na Igreja, de tentar ouvir os fiéis: a sinodalidade é o modo de ser Igreja”, sustentou.
O presidente da CEP disse “comunhão e missão” são os pilares da Igreja Católica, repropostos no Concílio Vaticano II para cada tempo.
O Concílio Vaticano II iniciou no dia 11 de outubro de 1962, no Vaticano, com a presença de 3 mil participantes de todo o mundo, entre os quais cardeais, bispos, superiores de congregações religiosas e peritos, e nasceu da inspiração do Papa João XXIII, convocado oficialmente na encíclica “Ad Petri Cathedram”, publicada no dia 29 de junho de 1959.
(Com Ecclesia)