Celebrações litúrgicas distintas sucedem-se no calendário católico. Igreja evoca todos os santos antes de recordar os fieis defuntos
A Igreja celebra hoje a solenidade litúrgica de Todos os Santos, na qual lembra conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente.
As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na semana a seguir.
No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.
A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a solenizar em datas diferentes celebrações com conteúdo idêntico.
A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).
Neste dia, a liturgia apela ao chamamento feito por Cristo a cada um de nós para o seguir e, ser santo à imagem de Deus.
São João João Paulo II foi um grande impulsionador da “vocação universal à santidade”, tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.
Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.
O feriado de Todos os Santos é um dos quatro atualmente suspensos em Portugal, juntamente com os dias do Corpo de Deus, 5 de outubro e 1 de dezembro.
Esta supressão/suspensão entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2013 tendo ficado consignada em lei a 30 de agosto de 2012, na 5.ª alteração ao Código de Trabalho de 2009; segundo o mesmo código, será obrigatoriamente objeto de reavaliação “num período não superior a cinco anos”.
O Papa Francisco celebrará missa, como no ano passado no maior cemitério de Roma, as 17h00 (hora dos Açores). Há um ano, Francisco rezou pelas vitimas das diferentes tragédias da humanidade e afirmou que este “é um dia de esperança”.
Amanhã, dia 2 novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar 3 missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.
Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).
A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos deste ano litúrgico começa e acaba no domingo.
O Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga, celebra na Sé, às 11h00, numa eucaristia que poderá ser seguida na Antena 1 Açores.
CR/Ecclesia