Festa decorre este fim de semana
Na Fajã do Santo Cristo vivem apenas, todo o ano, pouco mais de que uma dezena de pessoas, mas, a partir do último fim-de-semana de agosto até ao primeiro de setembro, esta reserva natural da biosfera, na ilha de São Jorge, recebe inúmeras pessoas, especialmente jovens, que se encarregam de animar as Missas, sobretudo a Eucaristia solene da festa, que decorre a 3 e 4 de setembro.
A Missa campal na praça contígua ao Santuário será o ponto alto da festa, seguida de procissão e do sermão na praça. Os padres Manuel António dos Santos e Dinis Silveira repartem entre si as pregações.
A lenda que deu origem ao culto conta que um pastor deixou o seu gado a pastar, descendo a uma lagoa onde apanhou lapas e ameijoas. Ao parar para descansar contemplou um objeto na água a flutuar e viu que era uma imagem em madeira do Senhor Santo Cristo. Surpreendido com o achado, pegou na imagem, molhada e inchada de estar na água, e levou-a para terra seca. Ao fim do dia, quando voltou para casa fora da fajã, levou a imagem e colocou-a em local de destaque numa das melhores salas da sua casa. No outro dia de manhã a imagem tinha desaparecido. Depois de procurarem por toda a casa e de já terem dado as buscas por terminadas, ele foi de novo encontrado, dias depois, na mesma fajã e local onde tinha sido encontrado da primeira vez. Foi levado várias vezes para o povoado fora da rocha, e durante a noite a imagem voltava sempre a desaparecer, até que alguém disse: “O Santo Cristo quer estar lá em baixo na fajã à beira da caldeira, pois que assim seja”.
A Lenda da Caldeira de Santo Cristo é uma tradição da ilha de São Jorge e relaciona-se com as crenças populares numa terra onde a luta do homem com a natureza foi constante e onde, por séculos, as necessidades básicas do dia-a-dia foram prementes. Ainda este ano a crise sísmica, que se verificou por altura do Natal e do Ano Novo, obrigou a cuidados redobrados nesta zona.