O Papa Francisco vai presidir este sábado, 27 de agosto, ao consistório para a criação de novos cardeais, incluindo o primeiro de Timor-Leste, o arcebispo de Díli, a partir das 16h00 locais, na Praça de São Pedro.
“Rezemos pelos novos cardeais, a fim de que, confirmando a sua adesão a Cristo, me ajudem no meu ministério de bispo de Roma, pelo bem de todo o Santo Povo de Deus”, pediu o Papa, após a recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’, no dia 29 de maio, quando anunciou a realização do consistório e a criação de 21 novos cardeais.
O consistório para a criação de novos cardeais vai decorrer este sábado, 27 de agosto, e é o primeiro desde novembro de 2020; os nomes anunciados por Francisco incluem bispos de língua portuguesa, como o arcebispo de Díli (Timor-Leste), D. Virgílio do Carmo da Silva, de 53 anos, dois arcebispos brasileiros – D. Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, e D. Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília -, e o arcebispo de Goa e Damão, na Índia, D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão.
A delegação oficial de Timor-Leste que vai assistir à celebração conta com a presença de Xanana Gusmão, que foi recebido por Francisco, esta quinta-feira, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé.
Em setembro de 2019, o Papa tinha decidido criar a Província Eclesiástica de Díli, nomeando D. Virgílio do Carmo da Silva como primeiro arcebispo metropolita do território; o futuro cardeal, religioso salesiano, foi nomeado bispo de Díli a 30 de janeiro de 2016, por Francisco, e participou no Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens, em 2018.
A lista inclui 16 futuros cardeais com menos de 80 anos de idade, eleitores num eventual conclave, entre eles o mais jovem membro do Colégio Cardinalício, o missionário italiano D. Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar (Mongólia), de 47 anos.
O Papa Francisco anunciou o nome de D. Luc Van Looy, arcebispo emérito de Gent, na Bélgica, como um dos cinco bispos, com mais de 80 anos de idade que iam receber o barrete cardinalício, mas dias depois, a Conferência Episcopal Belga, numa informação divulgada pela Vatican News, afirmou que o arcebispo “pediu ao Papa que o isente de aceitar a nomeação”, por questões relacionadas com os abusos sexuais na sua diocese.
Este será o oitavo consistório do atual pontificado, após os realizados a 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, 28 de junho de 2017, 28 de junho de 2018, 5 de outubro de 2019 e 28 de novembro de 2020.
O Colégio Cardinalício tinha até agora 208 membros (91 com mais de 80 anos), incluindo cinco portugueses: D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, todos criados pelo Papa Francisco e eleitores num eventual conclave; D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito; e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.
O Papa anunciou ainda que, a 29 e 30 de agosto, vai promover uma reunião de todos os cardeais, para refletir sobre a nova constituição para a Cúria Romana, os serviços centrais de governo da Igreja Católica, um projeto central do atual pontificado.
A constituição apostólica ‘Praedicate evangelium’ (Pregai o Evangelho), publicada a 19 de março deste ano, propõe uma Cúria mais atenta à vida da Igreja Católica no mundo e à sociedade, rejeitando uma atenção exclusiva à gestão interna dos assuntos do Vaticano.
Novos cardeais eleitores (por ordem de criação)
D. Arthur Roche (Inglaterra), prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé)
D. Lazzaro You Heung sik (Coreia do Sul), prefeito da Congregação para o Clero (Santa Sé)
D. Fernando Vérgez Alzaga (Espanha), presidente da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano e presidente do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano
D. Jean-Marc Aveline (França), arcebispo de Marselha
D. Peter Okpaleke (Nigéria), bispo de Ekwulobia
D. Leonardo Ulrich Steiner (Brasil), arcebispo de Manaus
D. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão (Índia), arcebispo de Goa e Damão
D. Mons. Robert Walter McElroy (EUA), bispo de San Diego
D. Virgílio do Carmo da Silva (Timor-Leste), arcebispo de Díli
D. Oscar Cantoni (Itália), bispo de Como
D. Anthony Poola (Índia), bispo de Hyderabad
D. Paulo Cezar Costa (Brasil), arcebispo de Brasília
D. Richard Kuuia Baawobr (Gana), bispo de Wa
D. William Goh Seng Chye (Singapura), arcebispo de Singapura
D. Adalberto Martínez Flores (Paraguai), arcebispo de Assunção
D. Giorgio Marengo (Itália), prefeito apostólico de Ulaanbaatar (Mongólia).
Cardeais com mais de 80 anos
D. Jorge Enrique Jiménez Carvajal (Colômbia), arcebispo emérito de Cartagena
D. Lucas Van Looy (Bélgica), arcebispo emérito de Gent
D. Mons. Arrigo Miglio (Itália), arcebispo emérito de Cagliari
Padre Gianfranco Ghirlanda, sj, (Itália), professor de Teologia
Mons. Fortunato Frezza (Itália), cónego de São Pedro
A história dos cardeais começa por estar ligada ao clero de Roma, mas chega hoje cada vez mais longe: a partir de agosto, serão 90 os países representados no Colégio Cardinalício, 69 dos quais com cardeais eleitores.
Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.
A 27 de agosto, Timor-Leste, Paraguai, Singapura e a Mongólia passam a ter representantes no atual Colégio Cardinalício.
(Com Ecclesia e Vatican News)