O Papa apelou hoje a uma ação “urgente” da comunidade internacional para travar os efeitos das alterações climáticas e evitar uma “catástrofe ecológica”.
“Alcançar o objetivo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus celsius é bastante árduo e requer uma colaboração responsável entre todas as nações para apresentar planos climáticos, ou contribuições determinadas a nível nacional, mais ambiciosos, para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases com efeito de estufa”, escreve, na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que se celebra a 1 de setembro.
Francisco defenda a transformação de modelos de consumo e produção, bem como dos estilos de vida, “numa direção mais respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos presentes e futuros”.
A jornada de oração inaugura o ‘Tempo da Criação’, iniciativa ecuménica que termina a 4 de outubro, com a festa de São Francisco de Assis.
A mensagem repete o alerta contra a “catástrofe ecológica” feito por São Paulo VI, em 1970, sublinhando o “grito amargo” da natureza e dos pobres.
Gritam também os mais pobres entre nós. Expostos à crise climática, sofrem mais severamente o impacto de secas, inundações, furacões e vagas de calor que se vão tornando cada vez mais intensas e frequentes. E gritam ainda os nossos irmãos e irmãs de povos indígenas”.
O Papa aponta à próxima cimeira sobre o clima, que se vai realizar no Egito em novembro de 2022, como “a próxima oportunidade para promover, todos juntos, uma eficaz implementação do Acordo de Paris”.
Simbolicamente, a Santa Sé decidiu aderir à Convenção-Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas e ao Acordo de Paris.
O texto repete o apelo deixado numa mensagem aos Movimentos Populares, a 16 de outubro de 2021: “Quero pedir, em nome de Deus, às grandes empresas extrativas – mineiras, petrolíferas, florestais, imobiliárias, agroalimentares – que deixem de destruir florestas, zonas húmidas e montanhas, que deixem de poluir rios e mares, que deixem de intoxicar as pessoas e os alimentos”.
Francisco destaca a “dívida ecológica” das nações economicamente mais ricas, que poluíram mais nos últimos dois séculos, e assinala que a transição energética “não pode negligenciar as exigências da justiça, especialmente para com os trabalhadores mais afetados pelo impacto das mudanças climáticas”.
Para impedir um colapso ainda mais grave da ‘rede da vida’ – biodiversidade – que Deus nos concedeu, rezemos e convidemos as nações a porem-se de acordo sobre quatro princípios-chave:1º – construir uma base ética clara para a transformação que precisamos a fim de salvar a biodiversidade;
2º – lutar contra a perda de biodiversidade, apoiar a sua conservação e recuperação e satisfazer de forma sustentável as necessidades das pessoas; 3º – promover a solidariedade global, tendo em vista que a biodiversidade é um bem comum global que requer um empenho compartilhado; 4º – colocar no centro as pessoas em situações de vulnerabilidade, incluindo as mais afetadas pela perda de biodiversidade, como as populações indígenas, os idosos e os jovens. (Papa Francisco) |
O Papa pede que o ‘Tempo da Criação’ reze pelas próximas cimeiras internacionais, para que a humanidade possa “enfrentar decididamente a dupla crise do clima e da redução da biodiversidade”.
“Choremos com o grito amargo da criação, escutemo-lo e respondamos com os factos para que nós e as gerações futuras possamos ainda alegrar-nos com o canto doce de vida e de esperança das criaturas”, conclui.(Com Ecclesia)