Cónego António Rego sublinha a necessidade de bom senso dos sacerdotes na hora de comunicar

Homilia deve ser breve e clara, projetando a palavra de Deus na realidade.

O conteúdo e a forma adotada por cada sacerdote é fundamental para que haja uma boa comunicação e a palavra de Deus seja projetada na realidade, disse esta manhã o Cónego António Rego, durante a conferência que proferiu no âmbito dos trabalhos do 39º Conselho Presbiteral que está a decorrer desde segunda feira, em Angra do Heroísmo.

 

“Aprender a descer em tudo e em todas as circunstâncias é um dos maiores desafios que devemos ter sempre presente” disse o sacerdote sublinhando que “não há assuntos tabus” e “todas as questões têm que ser abordadas com verdade”.

 

Falando aos sacerdotes da Diocese de Angra, sobre a exortação apostólica do Papa Francisco – “um documento que fala para todos e cada um de nós interpelando-nos diretamente”- António Rego debruçou-se especialmente sobre a homília, que “deve ser breve, clara e precisa, sem tabus nem moralismos”.

 

“No momento da homilia a nossa vaidade tem mais cinco centímetros que a nossa lucidez” por isso “temos de usar da nossa prudência” para ir ao encontro dos nossos destinatários.

 

Uma cautela que o sacerdote considera que deve ser uma “prioridade” no momento atual em que os destinatários da mensagem “são mais heterógenos” e, sobretudo “mais atentos á realidade”.

 

“Nós vivemos um momento da verdade e temos de assumir que há muitas coisas a acontecer das quais não podemos fugir, ignorando assuntos ou criando tabus e isso tem de transparecer na nossa comunicação”, frisa o sacerdote.

 

Daí que tão importante como falar- “e o sacerdote não é dono das palavras”- qualquer “um de nós tem de saber escutar”.

 

António Rego, lembrou aos presentes que a homilia não é uma catequese mas é uma parte “fundamental” da eucaristia.

 

“Temos de a aproveitar assumindo que a homilia é sempre o resultado das nossas próprias circunstâncias pessoais, espirituais, sociais ou outras”, sublinhou o sacerdote “sem descurar nenhum pormenor”, uma “prudência” que se estende a todo o tempo da Eucaristia.

 

“A nossa preocupação primordial”- para além da fidelidade à palavra de Deus- “é tornar os nossos interlocutores curiosos de Deus” e isso exige “estudo, preparação e bom senso” e sobretudo, “nunca faltar à verdade nem fugir dela”.

 

Depois da exposição houve tempo para debate com várias intervenções, centradas todas elas no balizamento da homilia e, sobretudo, nos cuidados a ter na sua preparação no que concerne aos tabus e ás tentações dos agentes pastorais que os podem condicionar a utilizar sempre os mesmos temas a propósito de tudo, ou ainda, o recurso a generalidades como forma de defesa.

 

Outra das questões abordadas prendeu-se com a adequação da homilia a cada público, sobretudo num momento de globalização, em que se fala para a massa, através da rádio e da televisão, e não apenas para os fieis presentes na assembleia.

 

António Rego foi um dos dois sacerdotes convidados pelo Bispo de Angra para refletir e debater com o clero diocesano sobre o documento que “mais entusiasmou o mundo” no período pós concílio.

 

António Rego, natural das Capelas, em Ponta Delgada, ex responsável pelo Secretariado Nacional para as Comunicações Sociais, e atual diretor de programas religiosos da TVI,  celebra este ano as suas bodas sacerdotais com duas eucaristias, uma em Lisboa na Igreja de Nossa Senhora de Fátimas, no dia 15 de junho, pelas 12h00 e outra na Matriz das Capelas, em São Miguel, no dia 13 de julho, pelas 16h00.

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