Sacerdote apresentou uma reflexão sobre a exortação apostólica do Papa Francisco.
Para que a Igreja consiga viver a alegria do Evangelho proposta pela exortação apostólica do Papa é preciso que as estruturas acolham e divulguem este documento, iniciando já um processo de transformação a nível administrativo e pastoral, disse esta manhã o Pe Abel Gonçalves Vieira, um dos dois sacerdotes convidados para participar na 39ª sessão do Conselho Presbiteral da Diocese de Angra que está reunido desde segunda feira, em Angra do Heroísmo.
No penúltimo dia de trabalhos, os sacerdotes diocesanos têm uma jornada de “formação”, novamente centrada na exortação e o primeiro a usar da palavra foi o sacerdote da Praia da Vitória, que começou por elencar a contextualização deste documento programático do pontificado de Francisco, “muito exigente que não nos convida para a festa pela festa mas para ousarmos”.
A exortação apostólica do Papa Francisco foi uma “agradável surpresa” no final do ano da fé devolvendo esperança, alegria, estímulo e desafio para toda a igreja mas, refere o sacerdote, é bom que “nos deixemos contagiar por ela iniciando um processo de transformação administrativa e até pastoral”.
Para isso, “é preciso identificar periferias geográficas, sociais e existenciais para que a diocese inicie a sua saída missionária pelos caminhos julgados mais ajustados à realidade cultural insular”.
“Que situações humanas exigem entre nós uma Igreja tipo hospital de campanha com mais sensibilidade social para com os mais pobres e frágeis também na região”, sublinhou o sacerdote.
E deixou algumas questões concretas: “como envolver todos os batizados , como discípulos missionários”, como se pode “descomplicar” nos aspetos orgânico, administrativo ou burocrático ou como se pode “primeirar” com mais ousadia evangélica nas comunidades e diocese”, refere o sacerdote.
“Que modelo de paróquia se impõe, como envolver os paroquianos da transformação das paróquias em comunidades cristãs ou como proceder á regeneração e libertação dos padres para a missão?”, foram algumas das questões colocadas, que no debate entre os sacerdotes, mereceu uma resposta consensual.
“Entre uma atitude predominantemente evangélica e outra jurídica não haverá dúvidas sobre qual a que deve ser seguida porque o evangelho também é muito exigente”, disse Abel Gonçalves Vieira.
Para trás ficou uma exposição sobre o contexto e os aspetos mais importantes da exortação do Papa Francisco.
Sobretudo, no que respeita “a um novo modelo para a edificação da Igreja com prioridades concretas para a sua missão atual”.
Esta é “talvez” a maior novidade deste “longo, claro e coloquial” documento no qual Abel Gonçalves Vieira destaca alguns “conteúdos fundamentais”: a alegria e a esperança “com um olhar realista para o mundo e para a igreja”; a evangelização como “fio condutor” propondo uma “nova saída missionária para a transformação da igreja”; a chamada geral à conversão de todos os agentes pastorais e das estruturas eclesiais; uma reforma da igreja; a prioridade à pregação missionária com destaque particular para a importância da homilia; a descentralização da missão evangelizadora da igreja; o reforço do sentido da misericórdia de Deus; a aposta na inculturação do Evangelho e a preocupação prioritária pelo homem e pelos mais pobres.
O sacerdote, que “abraçou” este documento e tem feito várias conferências sobre a exortação A Alegria do Evangelho, sublinha esta capacidade do papa em falar para dentro e para fora da igreja propondo “grandes desafios”, sem “romper” com “a eclesiologia conciliar”.
Na sua intervenção, Abel Gonçalves Vieira, sublinhou a importância do capítulo II e, sobretudo, a critica que não sendo totalmente nova, “recentra a atenção no que é essencial” no contexto do magistério social da Igreja dizendo “não a uma economia de exclusão, não à idolatria do dinheiro, não a um dinheiro que governa em vez de servir e não à desigualdade social que gera violência”.