Por Renato Moura
Sempre se criticaram os políticos por omissões, pequenos e grandes erros. Quanto a alguns com verdade e fundamentos; sobre outros com mentiras e enredos. Diz-se “quem não quiser ser lobo, não lhe vista a pele”. E quem aceita trabalhar na causa pública deve antes aprender “que na política não há gratidão”. Seja como for, não deve “o justo pagar pelo pecador” e quem é honrado e diligente mereceria, pelo menos, a justiça do reconhecimento.
Ao invés, injusto é deixar perdurar o benefício dos impostores.
Recordo três deputados pelo Corvo, cujo trabalho e postura conheci.
David Santos, curso geral dos liceus, eleito em 1976 pelo PPD. Sem ser orador proeminente, sempre soube desempenhar as funções parlamentares que lhe foram confiadas. Distinguiu-se pela minuciosa atenção sobre todos os problemas do Corvo e dos corvinos, pela incomensurável insistência na solução, pessoalmente ou junto das instâncias do Governo. Política como serviço, 16 anos; um daqueles com a honra de voltar à sua profissão. Partiu sem justa homenagem.
Hélio Pombo, eleito em 1984, pelo PS. Foi o que poderia ser então um deputado da oposição, no seio do seu grupo e da Assembleia, perante um governo forte. Conquistou a aprovação do povo, pois foi reeleito por duas vezes. Ele e o David Santos, eram residentes no Faial.
João Greves, eleito em 1996, pelo CDS/PP. Foi notícia, a nível nacional, a eleição do carteiro do Corvo, por um partido que nunca ali elegera. Mérito pessoal de ligação ao povo. Aquele homem, com a 4.ª classe da instrução primária, escolhia os temas e escrevia as suas próprias intervenções. Quando as lia não se cingia ao texto, mas enriqueci-as com a voz do povo, o calor da razão e do debate; ou com respostas aos apartes. Intervinha, de improviso. Não receava o confronto com quem quer que fosse, desde os deputados ao Presidente do Governo. Foi eleito Presidente da Câmara Municipal do Corvo, pelo CDS/PP, exercendo o poder com qualidade, honestidade e rigor instrumental, financeiro e legal.
Foram só breves alusões a pessoas muito diferentes, nados e criados numa pequena ilha, sem truques de residência, com diferentes níveis de formação. Revelam como souberam, em épocas diversas, com empenho e seriedade, com humildade e sem séquitos, com carácter e eficácia, ser deputados da Região e dignificar e defender o Corvo em cada contexto político. Sem se arvorarem em donos do Corvo.
Fizeram-no com modéstia, sem espectáculos mediáticos, sem defender o indefensável, sem instrumentalizar órgãos. Que sirvam de salutar exemplo.