Por Renato Moura
A Suécia e a Finlândia formalizaram os pedidos de adesão à NATO. É o caminho para o fim da neutralidade destes países: após mais de 200 anos, o primeiro; após mais de 75 anos, o segundo. Na organização desta reviravolta estiveram duas mulheres, ambas no cargo de primeira-ministra. A sueca Magdalena Andersson e a finlandesa Sanna Marin idealizaram o projecto, mobilizaram a opinião pública e obtiveram o apoio das instâncias nacionais.
Ainda recente é o início de mandato de outras mulheres: Roberta Metsola, maltesa, como Presidente do Parlamento Europeu e Ursula von der Leyen, alemã, com Presidente da Comissão Europeia; na qual Elisa Ferreira, portuguesa, é Comissária da Coesão e Reformas. Esta semana foi a escolha de Elisabeth Borne para Primeira-ministra da França, destinada a enfrentar desafios muito complexos; é apenas a segunda vez, na França, que uma mulher é escolhida para o cargo. Se não tiver outra, o Governo de Portugal tem a virtude de, à frente dos seus ministérios, ter um número igual de mulheres e de homens.
São exemplos, além de muitos outros, do reconhecimento continuamente acentuado, do valor das mulheres para o exercício de cargos de enorme responsabilidade. Reveladores da coragem das mulheres, demonstrativos das suas qualidades de firmeza e arrojo. Certamente contribuirão para muitas outras mulheres se prepararem para não temer dificuldades, serem audaciosas face aos desafios.
A intrepidez feminina é – e cada vez mais pode ser demonstrada – nos mais variados cargos dirigentes ou funções, sejam na política, na administração, no desenvolvimento empresarial, nas instituições e actividades sociais, culturais e desportivas.
Outrora o mundo considerava alguns desportos inadequados à natureza da mulher. Hoje, até em Portugal, o futebol feminino é cada vez mais reconhecido. O número de equipas aumenta. Multiplica-se o número de praticantes. A qualidade técnica e táctica são já admiráveis. Há mulheres nas equipas técnicas e na arbitragem. Proporcionam espectáculos dignos de serem vistos. O recorde de 14 mil espectadores foi ultrapassado na final Benfica/Sporting. Este jogo foi um exemplo de valentia, mas de bom comportamento das jogadoras, de respeito mútuo por vencidas e vencedoras. Os homens que jogam futebol, os treinadores e os dirigentes de muitos clubes deveriam ter visto: para aprender; para nos pouparem às cenas lamentáveis da última época, e das anteriores.
Avança a audaz luta global das mulheres pela igualdade: não só por direito, mas por mérito. Honra lhes seja feita!