Administrador Diocesano desafia fieis a escutar a Palavra de Deus em vez “de  vozes apelativas que nos fazem promessas falsas”

Cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu à missa na Sé, onde é pároco, este Domingo do Bom Pastor

O Administrador Diocesano de Angra convidou hoje à redescoberta da escuta da palavra de Deus em vez da ilusão de outras vozes mais apelativas que porventura conduzem a promessas falsas.

Na homilia da missa a que presidiu este Domingo do Bom Pastor, IV Domingo da Páscoa, na Sé de Angra, o sacerdote afirmou que “assim como um pai e uma mãe ensinam os filhos a não se deixarem levar por estranhos, seja em sentido físico ou presencial, seja pelo perigo ainda maior de se deixarem levar pela voz de perfis falsos que aparecem no mundo digital, assim o evangelho nos alerta para o perigo que corremos nós hoje também”.

“ A pergunta que devo fazer é: eu escuto a voz de Jesus, o belo pastor? Tenho interesse em conhece-Lo, em conhecer a luz da verdade, uma vez que só Ele é que me dá a vida, a graça e a eternidade, como cordeiro e como pastor? Se as duas respostas são positivas, então o meu dever de consciência é segui-Lo, e não confundir a sua voz com outras vozes que podem de imediato ser mais apelativas e tantas vezes de promessas falsas”.

Numa reflexão sobre três verbos – “Escutar, conhecer e seguir” -, subjacentes à liturgia de hoje em que se assinala o Dia das Vocações, o cónego Hélder Fonseca Mendes destacou a importância das vocações, que “não caem do Céu” mas “vêm do alto”.

“A vocação aparece na vida de uma pessoa e de um batizado, quando este responde afirmativamente ao chamamento à fé e à santidade, vai conformando a sua vida e projeto com a vontade de Deus e se entrega a essa vontade, num sonho que toca a vida toda” afirmou sublinhando que a vocação nasce com a escuta atenta da palavra de Deus “e dos clamores das outras pessoas, sobretudo daqueles que têm fome e sede de justiça e de paz”, do discernimento, no silêncio e na oração, que potenciam a comunhão de vida e consequentemente o seguimento.

O sacerdote lembrou, ainda, que a identificação de Jesus como pastor “não é uma definição nem uma função, mas um estilo de se relacionar com o Pai e com os outros: «Eu e o Pai somos um só»”.

“No âmago de ser pastor, ou de toda a acção pastoral da Igreja, está a ralação pessoal como o Senhor, isto é, a dimensão espiritual alimentada pela fé e pela oração, e a relação com as outras pessoas feita de conhecimento, amor, escuta, dedicação e dom da vida. O pastor é aquele que põe a sua atenção no bater do coração de Deus e do coração das pessoas que tem à sua volta e à sua cura”, afirmou.

Jesus é o bom pastor não por uma questão de “vaidade ou presunção “ mas porque “conhece as pessoas, defende-as, não quer que nenhuma se perca, dá-lhes a vida eterna, e finalmente oferece a sua própria vida por elas. Que mais pode fazer um pastor, pelo seu rebanho, um agricultor pela sua vinha, ou uma mãe pelos seus filhos?”, interpelou o sacerdote, lembrando o livro do Apocalipse, que também chama ao pastor cordeiro.

“É um cordeiro pastor e um pastor cordeiro. Precisamente porque se entregou, pode agora ir à frente, guiar e dar a vida pela suas ovelhas” disse desafiando os cristãos a “contar sempre com a sua ajuda e guia, acompanhamento e defesa”.

“Podemos estar orgulhosos e agradecidos por pertencer à sua comunidade, e não desconfiados ou envergonhados como muitas vezes parece”, disse ainda.

Na homilia, o sacerdote destacou o inicio da Semana da Vida, que até ao próximo domingo propõe uma reflexão sobre “A vida que acolhemos”, concretamente para problemáticas a vida gestacional, a adopção, os refugiados, para o que é diferente, para os que sofrem, para os que cuidam e para a família como lugar de acolhimento.

“São realidades bem nossas e actuais, em que a nossa fé, apoiada na condução e guia do Bom Pastor, passa a ter outro alcance, independentemente daquilo que as maiorias aprovam nos parlamentos”.

Na noite deste sábado o cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu à vigília de oração pelas vocações, que se realizou na Igreja de Santa luzia de Angra, na ilha Terceira, numa organização entre a paróquia e o Serviço Diocesano da Pastoral Vocacional, para a qual pediu um apoio especial, “sobretudo o nosso Seminário Diocesano, não só através da contribuição material, como acontece hoje nas colectas das celebrações do país, mas também na oração”.

 

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