D. Ivo Scapolo é o convidado do programa de rádio Igreja Açores
Uma semana depois de ter chegado aos Açores, região que visitou pela primeira vez com a missão de presidir às celebrações da Semana Santa, o representante diplomático do Papa em Lisboa assegura que correspondeu ao convite diocesano porque queria conhecer a realidade insular e a visita que fez, com encontros com autoridades eclesiásticas, religiosos e sociedade civil foram “muito proveitosos”.
“Esta visita permitiu conhecer melhor a realidade desta igreja local” referiu lembrando que a escolha do bispo é em si um processo sinodal.
“Consultamos o clero, os religiosos e religiosas e leigos” por isso, “trata-se de um trabalho moroso que envolve muitas pessoas e muitos procedimentos” reconhece.
“O processo de nomeação necessita de vários meses para se realizar; a Igreja, até numa logica sinodal promove várias as consultas para buscar informações. Há todo um trabalho que é enorme ; que necessita de paciência, tempo e precisão; “não se trata de juntar papeis e enviá-los para Roma mas sim de os juntar, sintetizar e enviar para Roma, para a Copngregação dos Bispos que depois remete o processo ao Santo Padre, a quem cabe a nomeação”, disse.
“Se queremos fazer as coisas bem há que ter paciência; temos que rezar… rezar com espírito de fé, confiando na providência de Deus” disse ainda.
“Uma visita como esta é uma experiência muito importante: permite-se conhecer o aspecto geográfico, com uma natureza mas também a realidade eclesial e autoridades civis” disse ainda.
“ Fiquei muito satisfeito ao ver que aqui na diocese de angra há uma relação muito boa entre a Igreja e a sociedade e há um esforço comum de colaboração no respeito pelas competências de cada entidade. Já se está a fazer muito em vários sectores nomeadamente na recuperação do património, mas igualmente na educação e também na acção social”, afirma na entrevista ao programa de rádio Igreja Açores, que foi opara o ar este domingo no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.
“A Igreja tem que colaborar no desenvolvimento da vida humana, trabalhando na solução de problemas estruturais , por outro lado, dar uma resposta imediata a problemas sociais: são dois aspetos nos quais a Igreja tem de trabalhar à luz dos documentos do magistério e, neste capítulo, a Doutrina Social da Igreja é muito profunda e abundante”.
O arcebispo italiano lembra, por outro lado, que temos vivido tempos difíceis mas a esperança cristã é sempre a de sermos capazes de construir um mundo melhor.
“Vivemos nestes últimos tempos experiências dificieis e dolorosas que deixam um efeito na mente e no coração das pessoas, que se refletem na vida prática, social e económica, mas que temos de enfrentar com fé” adianta. E, quem tem fé “não tem medo”, garante.
“Deus mediante a ressurreição de Jesus abriu as portas da eternidade; mediante o sacrifício de Jesus, a humanidade reconciliou-se com o Pai. Esta é a verdade que temos de testemunhar, sobretudo os que acreditam”.
E prossegue: “Deus venceu a morte, não temos que ter medo de nada; quem crê na ressurreição não pode ter medo de nada. Sabemos que a nossa meta final é a casa do Pai e os anos que passamos na terrra podem ser difíceis ou duros, mas no final sabemos todos que vamos para a casa do Pai”, afirma.
“A verdadeira felicidade está na alegria e na esperança: um dia poderemos estar todos juntos. As dificuldades que sofremos na vida nunca nos podem roubar a esperança”, diz ainda.
“A fé em Cristo ressuscitado não é otimismo humano daquele que pensa vai correr tudo bem; a nossa fé não nos alivia o sofrimento mas ajuda-nos a encará-lo como algo que faz parte da vida”.
Na entrevista , D. Ivo Scapolo fala ainda de São Jorge elogia a proximidade do clero às suas comunidades; fala dos jovens e da carta de que é portador para o Santo Padre com os sonhos e as aspirações dos jovens açorianos e fala também da necessidade do compromisso e da grande missão da Igreja neste mundo.
“A grande missão da igreja não é construir um mundo perfeito, mas salvar homens; há um compromisso para trabalharmos de acordo com a solidariedade: o que podemos fazer para construir um mundo melhor hoje”.