D. Ivo Scapolo falou aos jornalistas no final da audiência com o Presidente do Governo Regional dos Açores
Conhecer a realidade local, de forma próxima, e fortalecer os laços do Vaticano com a República Portuguesa, na sua diferente geografia, foi o principal motivo que determinou a deslocação do Núncio Apostólico aos Açores, afirmou esta manhã D. Ivo Scapolo aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente do Governo Regional dos Açores, em Ponta Delgada.
“A presença do Núncio tem como objectivo fortalecer a comunhão entre o Papa e a igreja local; a missão é fortalecer esta união” afirmou o prelado sublinhando que ao ser enviado para Portugal tem por missão “ visitar as dioceses para estreitar estes laços”.
“Estas visitas são muito importantes para conhecer os trabalhos e serviços que fazem um trabalho admirável e que merece muito do nosso apoio”, esclareceu ainda destacando o objectivo comum da Igreja e do Estado, neste caso, dos órgãos de governo próprio da autonomia na promoção “do bem material e espiritual das pessoas”.
Questionado sobre o momento da visita à Diocese, que se encontra em sede vacante desde o passado dia 21 de setembro, D. Ivo Scapolo lembrou que o processo de escolha de um bispo é “demorado” e explicou as formalidades.
“Há muitos elementos sobre a conclusão desse processo, que é um processo bastante longo e que prevê a consultação dos bispos, sacerdotes, para conhecer as características da diocese, para saber qual a pessoa mais idónea e apta para realizar esse importante serviço”, afirmou.
Desde novembro de 2021 que a diocese açoriana está a ser liderada pelo cónego Hélder Fonseca Mendes, eleito Administrador Diocesano pelo Colégio de Consultores, na sequência da saída do bispo, D. João Lavrador, para a diocese de Viana do Castelo.
Quando questionado pelos jornalistas sobre o novo bispo de Angra, o núncio apostólico reforçou que são precisas “bastantes semanas de trabalho” para concluir o processo.
Questionado sobre a possibilidade de ser um açoriano afirmou “não poder entrar em detalhes” e pediu “serenidade, paciência e aos crentes, de forma especial, muita oração para que tudo possa acontecer da melhor maneira”.
O representante do Papa deixou ainda um agradecimento especial às entidades públicas pelas “várias formas de colaboração que existem desde há muitos anos, na recuperação do património religioso e artístico; na educação e no sector das obras sociais da Igreja”.
Já o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro enfatizou a marca religiosa católica naquilo que designou por açorianidade e sublinhou a preocupação da região em perpetuar esta identidade cultural açoriana fortemente marcada pela religiosidade popular.
Por outro lado, deixou um reconhecimento à Igreja pelo “tanto que faz, em tantas áreas, como a saúde, a área social que supre tantas incapacidades dos poderes públicos, sobretudo no apoio psicológico, social, moral e espiritual à famílias mais desprotegidas”, destacando o “apoio de proximidade”, em particular as comunidades de São Jorge que vivem “ansiosas” este tempo, marcado por uma forte crise sísmica.
“Falámos da importância da Igreja ter o seu novo bispo” disse ainda e “sem intromissão direta mas ciente das capacidades dos açorianos em assumir as mais altas funções não pude deixar de manifestar a minha preferência por um açoriano mas aceitaremos qualquer que seja o nome indicado pelo Santo Padre para bispo de Angra. Acredito muito nas capacidades dos açorianos, potenciais candidatos a serem nomeados bispos da diocese”, concluiu.
Esta tarde o Núncio Apostólico visitará ainda a Fundação Pia Diocesana do Bom Jesus, a onde benzerá a nova Capela da Clínica e ao final da tarde presidirá à missa de Renovação das Promessas sacerdotais do Clero, na Matriz da Ponta Delgada. Amanhã segue para o Faial e a partir de quarta-feira estará em Angra, a onde presidirá às celebrações do Tríduo Pascal na catedral açoriana.