Ouvidor dos Fenais da Vera Cruz é o convidado do programa de rádio Igreja Açores deste domingo
Novas dinâmicas pastorais, “deixar o mundo entrar na Igreja” e permitir a renovação de movimentos e estruturas são três desafios propostos pelo ouvidor dos Fenais da Vera Cruz, que esta semana é o entrevistado do programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar no Domingo de Ramos, depois do meio dia na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra.
“Esta pandemia veio mostrar-nos a necessidade de renovação das estruturas mas também de pessoas” afirma o padre Carlos Simas sublinhando a necessidade “de um novo dinamismo paroquial”.
“Digo muitas vezes que estou à mercê de uma maré que ora vem cheia ora vem vazia; a Igreja está desorientada e nós precisamos de respostas rápidas e urgentes. Eu como padre sinto esta desorientação e os leigos também sentem”, afirma lembrando que esta desorientação “dificulta a assumpção do compromisso”, que “não é exclusiva da Igreja”.
De acordo com o responsável por esta ouvidoria da costa norte da ilha de São Miguel, com cinco paróquias e três curatos, a pandemia veio acentuar alguns problemas que já estavam identificados. Ao medo da doença juntou-se um comodismo, “que já era evidente” sobretudo “numa faixa etária dos 40 aos 50 anos”, que requer agora “novas estratégias, para desinstalar as pessoas, para que elas voltem à sua expressão de fé”, mas “não está a ser fácil”, assegura.
A prática dominical diminuiu “entre 40 a 50%”, sobretudo “entre os mais novos que desistiram”, muitos porque partem e nas cidades maiores não conseguem manter a participação que tinham nas suas comunidades de nascimento ou porque começam a centrar a sua vida noutras prioridades que não as da fé.
A ouvidoria “tem muitas famílias desestruturadas pela violência doméstica, pela toxicodependência, pela falta de trabalho”, acrescenta alertando para a falta de investimento dos poderes públicos.
“Há uma falta de aposta económica na nossa ouvidoria e isso leva as pessoas para fora, dificultando a instalação dos casais mais jovens”, avança ainda.
“Com a pandemia vimos aquilo que já não estava certo; o nosso grande risco é por vezes tapar o que não está a correr tão bem” reconhece lamentando, por outro lado, que os diagnósticos “sejam muito concretos”, mas depois faltem “soluções e respostas” para os vencer.
“Aquilo que é estudado e perguntado nas paróquias não pode ficar trancado em papéis” adianta destacando que, enquanto ouvidor e membro do Conselho presbiteral, “muitos dos instrumentos que levamos para as reuniões são muito bem feitos, mas depois não há resposta, parece que não saem do papel”.
A entrevista com o padre Carlos Simas pode ser ouvida na íntegra no próximo domingo aqui ou no Rádio Clube de Angra ou na Antena 1 Açores, depois do meio-dia.