O Papa recordou hoje no Vaticano as crianças que são vítimas da guerra, na Ucrânia, falando durante um encontro com 2 mil estudantes do instituto milanês ‘La Zolla’.
“Senhor Jesus, olha para estas crianças, protege-as, são as vítimas da nossa soberba de adultos”, disse Francisco, na Basílica de São Pedro.
A intervenção, divulgada pela Santa Sé, evoca as crianças e adolescentes que “vivem debaixo de bombardeamentos, que veem esta guerra terrível”.
Antes da oração, o Papa tinha pedido aos jovens presentes no Vaticano que se unissem, em pensamento, aos menores que “estão em guerra e a sofrer”, que “têm fugir das bombas, com o frio”, no leste da Europa.
“Eles são como nós, como vocês: seis, sete, dez, 14 anos. Vocês têm um futuro pela frente, asegurança de crescer numa sociedade em paz. Em vez disso, esses meninos, até mesmo os pequeninos, têm de fugir das bombas. Estão a sofrer, tantos”, declarou.
Pensemos nesses meninos e meninas. esses adolescentes, que hoje estão a sofrer, hoje, a 3000 quilómetros daqui. Vamos rezar ao Senhor”.
“Senhor Jesus, peço-te pelos meninos e meninas, rapazes e raparigas que estão a viver debaixo de bombardeamentos, que veem esta guerra terrível, que não têm o que comer, que têm de fugir, deixando a sua casa, tudo… Senhor Jesus, olha para estas crianças, protege-as, são as vítimas da nossa soberba de adultos. Senhor Jesus, abençoa essas crianças e protege-as. Juntos, rezemos a Nossa Senhora para que as proteja”. (Oração do Papa Francisco, 16.03.2023) |
Já na audiência pública desta semana, que decorreu no Auditório Paulo VI, Francisco recitou com os peregrinos de vários países uma oração escrita pelo arcebispo de Nápoles, D. Domenico (Mimmo) Battaglia: “Perdoa-nos pela guerra, Senhor”.
“Na dor desta guerra, façamos uma oração, todos juntos, para pedir ao Senhor o perdão e a paz”, disse o Papa.
Francisco falou da importância da oração neste tempo “tão doloroso” da guerra, convidando a rezar “sobretudo pela paz na Ucrânia”.
A 25 de março, o Papa vai consagrar a Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, em ligação a Fátima, onde vai estar presente o cardeal Krajewski, esmoler pontifício, como enviado de Francisco.
O perigo de uma guerra atómica
O Papa alertou entretanto para a “catástrofe” de uma guerra atómica, perante os atuais cenários de guerra, falando durante a audiência pública semanal.
“A nossa imaginação parece cada vez mais centrada na representação de uma catástrofe final que nos vai extinguir. É o que acontece com uma eventual guerra atómica. No ‘dia seguinte’ – se ainda houver dias e seres humanos -, teremos de começar do zero. Destruir tudo, para recomeçar do zero”, alertou, numa reflexão centrada no episódio bíblico do dilúvio, relatado no Livro do Génesis.
Falando sobre o progresso científico e os “profetas da desgraça”, o Papa disse que “o símbolo do dilúvio está a ganhar terreno no inconsciente” coletivo.
“De resto, a atual pandemia coloca uma não insignificante hipoteca sobre a nossa representação despreocupada das coisas que contam, para a vida e o seu destino”, acrescentou.
A intervenção apontou à ilusão de uma “juventude eterna”, alimentada pelo “extraordinário progresso da tecnologia, que pinta um futuro cheio de máquinas mais eficientes e inteligentes”.
A catequese, inserida num ciclo de reflexões sobre a velhice, destacou que, quando se tratou de “salvar a vida da terra da corrupção e do dilúvio”, Deus confiou essa tarefa à fidelidade do mais velho de todos, Noé.
“A velhice está na posição adequada para compreender o engano desta normalização de uma vida obcecada pelo prazer e vazia de interioridade: vida sem pensamento, sem sacrifício, sem interioridade, sem beleza, sem verdade, sem justiça, sem amor”, apontou.
Francisco criticou a banalização da corrupção e da indiferença, convidando todos a cuidar “do futuro da geração que está em perigo”.
Após a catequese, o Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa, convidando todos a “permanecerem fiéis” a Jesus.
“Ele desafia-nos a sair do nosso mundo limitado e estreito para buscarmos juntos o bem comum. Que o Espírito Santo nos ilumine para podermos levar a bênção de Deus a todos os homens. A Virgem Mãe vele sobre o vosso caminho e vos proteja”, concluiu.
(Com Ecclesia)