O Papa Francisco lançou hoje um apelo emocionado ao fim da guerra na Ucrânia, denunciando a “barbárie” que está a transformar cidades deste país em “cemitérios”.
“Em nome de Deus, peço-vos: parai este massacre”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.
“Diante da barbárie da morte de crianças, de inocentes e civis indefesos, não há razões estratégicas que se mantenham de pé. Há apenas que parar a inaceitável agressão armada, antes que reduza as cidades a cemitérios”, acrescentou.
Pelo menos 85 crianças foram mortas e uma centena feridas na Ucrânia desde a invasão do país ordenada pelo presidente russo Vladimir Putin, a24 de Fevereiro, anunciou hoje a Procuradoria-Geral ucraniana.
“Com dor no coração, uno à minha voz à das pessoas comuns, que imploram o fim da guerra. Que, em nome de Deus, se ouça o grito de quem sofre e se coloque fim aos bombardeamentos e ataques; que se aponte real e decididamente às negociações e se abram corredores humanitários efetivos e seguros”, declarou Francisco.
A intervenção evocou, em particular, a situação em Mariupol, uma cidade com cerca de 500 mil habitantes no sudeste da Ucrânia, onde, segundo o presidente da câmara local, se estima que, em 12 dias, tenham morrido 1500 pessoas.
“Acabamos de rezar à Virgem Maria. Esta semana, a cidade que leva o seu nome, Mariupol, tornou-se uma cidade mártir da guerra atroz que está a devastar a Ucrânia”, referiu o Papa.
Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro e a todos os que acompanhavam a cerimónia, transmitida online, Francisco reforçou o apelo ao acolhimento dos refugiados, “nos quais está presente Cristo”, e agradeceu pela “grande rede de solidariedade” que se formou.
“Peço a todas as comunidades diocesanas e religiosas que aumentem o momento de oração pela paz. Aumentar os momentos de oração pela paz”, prosseguiu.
“Deus é apenas o Deus da paz, não é o Deus da guerra. Quem apoia a violência, profana o seu nome”.
Após a reflexão, o Papa convidou os presentes – muitos dos quais com bandeiras da Ucrânia – a rezar em silêncio, por quem sofre e para que Deus “converta os corações a uma firme vontade de paz”.
A ofensiva militar russa na Ucrânia já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil, levando à fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para países vizinhos, segundo dados da ONU.
O cardeal Konrad Krajewski, que na última semana esteve na Polónia e Ucrânia, como enviado especial do Papa, disse ao portal de notícias do Vaticano que ficou impressionado com “a tristeza das pessoas que vivem em constante medo” e a imagem das mulheres em fuga, com crianças pequenas, sem deixar de sublinhar o sentimento de esperança que encontrou na população.
“Deixo este país [Ucrânia com um grande enriquecimento pessoal, porque encontrei pessoas de grande fé, pertencentes a todas as confissões. Isto também é uma esperança; uma esperança de unidade”, relatou.
(Com Ecclesia)