A Cáritas Portuguesa, com o apoio da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), lançou hoje uma campanha de recolha de fundos, para apoiar a população da Ucrânia e os refugiados da guerra.
Os donativos monetários vão ser canalizados para as Cáritas que se encontram no terreno, oferecendo apoio de emergência em alimentos, medicamentos e abrigo, entre outros.
As Cáritas da Polónia, Moldávia, Roménia e Eslováquia estão a prestar assistência humanitária e informação segura aos milhares de refugiados que atravessam estas fronteiras.
A apresentação da iniciativa decorreu na sede da CEP, em Lisboa, com a presença de D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral e Social e Mobilidade Humana, o qual destacou o “momento de grande solidariedade com o povo da Ucrânia” que se vive.
O responsável católico assinalou que as guerras são “derrotas” para a humanidade, apelando ao “apoio solidário para quem sofre por falta de paz”.
Em declarações à Agência ECCLESIA e Renascença, o bispo de Santarém mostrou preocupação com a guerra, justificando a opção por esta campanha para manifestar solidariedade às vítimas do conflito.
“A Cáritas é um meio, em rede, a nível europeu e mundial, é fácil conjugar as campanhas, saber que chegam ao terreno e são explicadas”, precisou.
A Cáritas Portuguesa precisa que a verba angariada nesta campanha tem como objetivo “reforçar a capacidade de resposta da Cáritas na Ucrânia, nos países fronteiriços e o eventual acolhimento a famílias deslocadas em Portugal”.
“Não sabemos ainda o que vai ser, mas sabemos que vai ser grande a necessidade destas pessoas que já se fizeram a caminho ou estão neste momento em situação de grande dificuldade”, explicou a presidente da organização, Rita Valadas.
A campanha, que decorre até 30 de março, foi lançada simbolicamente na Quarta-feira de Cinzas, dia em que o Papa convocou uma jornada especial de jejum e oração pela paz.
Com os jornalistas esteve o padre Natanael Mykola Harasym, capelão greco-católico da comunidade ucraniana, o qual deixou um apelo à paz perante a “bárbara” invasão russa.
“A Ucrânia é crucificada aos olhos do mundo”, denunciou, falando em ameaças ao clero católico, particularmente os bispos.
A ‘Caritas Internationalis’ lançou um apelo de emergência, que visa ajudar cerca de 13 mil pessoas em áreas críticas da Ucrânia, como Kramatorsk, Rubizhne, Zaporizhya, Volnovakha, Mariupol, Kharkiv, Dnipro, Kiev, Zhytomyr, Odesa, Ivano-Frankivk.
A Cáritas Portuguesa, através do seu Fundo de Emergências Internacionais, ofereceu na última semana 20 mil euros numa ajuda de emergência à Cáritas da Ucrânia; o mesmo montante foi oferecido pelo Santuário de Fátima.
“A Cáritas não irá proceder ao envio de bens materiais para a Ucrânia ou países vizinhos. As razões são os custos, as dificuldades logísticas, a capacidade de receção local, em contexto de guerra. Caso assim queiram colaborar devem fazê-lo através de alguma iniciativa local de solidariedade, como é o caso da que está a decorrer na Ermida de Nª. Sª. da Saúde na Praça Velha em Angra do Heroísmo” ressalva a nota. A campanha “Cáritas Ajuda Ucrânia” será apenas de recolha de fundos e visa reforçar a capacidade de resposta da Cáritas na Ucrânia, nos países fronteiriços e o eventual acolhimento a famílias deslocadas, em Portugal, afirma uma nota enviada ao Igreja Açores pelo Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes
Os donativos para a Campanha ‘Cáritas Ajuda Ucrânia’ podem ser feitos online, através do IBAN PT50.0033.0000.01090040150.12 ou na rede multibanco – 22222 (entidade) 222 222 222 (referência).
Semana Nacional da Cáritas
Entretanto, decorre entre13 a 20 de março de 2022 a Semana Nacional da Cáritas, sob o lema “o amor que transforma”.
Este ano, a Cáritas chama a atenção para a atitude da amabilidade, “virtude tão discreta e preciosa para este tempo que vivemos”.
“O exercício da amabilidade não é um detalhe insignificante nem uma atitude superficial ou burguesa. Dado que pressupõe estima e respeito, quando se torna cultura numa sociedade, transforma profundamente o estilo de vida, as relações sociais”, refere o documento enviado ao Igreja Açores, pelo Administrador Diocesano.
“É missão da Cáritas em cada ilha e nos Açores ser suporte financeiro de emergência, resposta a necessidades básicas, cuidados à infância e a idosos, à inserção social, à empregabilidade e à integração de migrantes e refugiados. O nosso contributo poderá aumentar a capacidade de resposta e a sua sustentabilidade, reforçar o apoio financeiro, promover o acompanhamento, incentivar a proximidade e a fraternidade humana. Por isso devemos colaborar nos peditórios de rua e no digital, bem como nas coletas das celebrações dos dias 19 e 20 de março em todas as igrejas da Região e do País” refere o cónego Hélder Fonseca Mendes.
O ano passado não foi possível fazer peditórios de rua devido à pandemia, contudo as coletas na Diocese de Angra renderam para a Cáritas 4.598,49 €. A Cáritas dos Açores, para além das suas obrigações na Região doou 2 000,00 à Cáritas da Tenerife, aquando da extinção do vulcão na ilha de La Palma, onde tão bem nos revemos, e recentemente 2 500,00 € para a Cáritas da Ucrânia.
“Agora assistimos a um conflito como a pior crise de segurança na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial” refere o documento, destacando que durante o mês de março está a decorrer a campanha “Cáritas Ajuda Ucrânia”, conclui o sacerdote.