Nota Pastoral para a Quaresma sublinha atualidade das bem-aventuranças

Renuncia quaresmal da diocese de Angra será canalizada para São Tomé e Príncipe

O Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, exorta a sociedade açoriana a encontrar nos valores cristãos, próprios do tempo da Quaresma, as respostas para os problemas sociais e económicos que o mundo de hoje atravessa.

“Eis-nos a braços com o aumento da fome no mundo, pelo efeito das alterações climáticas, das deslocações de refugiados, da pandemia e do desemprego; a peste da década a que demos nome de Covid 19, com um considerável número de mortes, doentes e de sequelas na saúde, sobretudo na saúde mental; e  a guerra quer aos retalhos, quer como uma ameaça global às portas da Europa,  a que as Lajes daria passagem, insinuando que havemos de nos envolver no jogo dos poderosos e dos seus ocultos interesses” escreve o sacerdote na Nota Pastoral publicada esta sexta-feira e enviada ao Igreja Açores.

“Diante deste quadro e do espírito das bem-aventuranças, continuamos a trabalhar contra a fome, a peste e a guerra” enfatiza, ao sublinhar que a Quaresma deve ser aproveitada “como um tempo favorável, tempo de salvação e de graça”, que começa no interior do coração de cada um, de  “dentro para fora”.

“Em vez da fome, da peste e da guerra, tomemos como caminho alternativo, livre, racional e moderno, o jejum, a esmola e a oração, que se completam mutuamente em ordem à caridade e à misericórdia” escreve o sacerdote na Nota Pastoral para a Quaresma que acaba de ser conhecida.

A partir do itinerário próprio da Quaresma- “oração mais intensa, caridade mais diligente” e conversão- o cónego Hélder Fonseca Mendes lembra que um modo de penitência é a renúncia quaresmal, que “consiste no dinheiro que cada católico junta durante a quaresma, como fruto das renúncias diárias que vai fazendo”, em espírito de oração e conversão, que este ano será canalizada para a ajuda a ajuda a São Tomé e Principe.

“Decidimos entregar o resultado das nossas renúncias quaresmais deste ano, entre a quarta feira de cinzas e a quinta feira santa (de 2 de março a 14 de abril), a São Tomé e Príncipe, como socorro a uma situação de pobreza agravada pela pandemia, dado o forte apelo do bispo desta diocese lusófona, insular e irmã”, justifica o Administrador Diocesano que lembrou que o valor da renuncia do ano passado tinha revertido a favor da pastoral da saúde e da Cáritas.

O sacerdote lembra, ainda, como marcas deste percurso de preparação para a Páscoa a participação dos cristãos em celebrações próprias como a de quarta-feira de cinzas , a via-sacra, o  lausperene ou as «24 Horas para o Senhor», ou ainda a vivência dos sacramentos da cura: o da reconciliação para os pecadores e o da unção dos enfermos para os doentes e debilitados, “até podermos chegar à celebração dos sinais sacramentais do Batismo e da Eucaristia, como viático dos peregrinos”.

“Ficam por realizar este ano dois sinais expressivos: as procissões penitenciais e as romarias quaresmais, que se crê estas terem surgido há 500 anos, aquando da destruição vulcânica de Vila Franca do Campo em 1522”, adianta ainda o Administrador Diocesano na Nota Pastoral que enviou a todos os diocesanos.

A Quaresma começa na quarta-feira de cinzas, no próximo dia 2 de março e dura 40 dias, até ao Domingo de Ramos. Neste tempo somos  especialmente convidados à conversão.

 

 

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