Reunião da pastoral familiar por zoom uniu os responsáveis de todas as ilhas, com a participação do Assistente e do Administrador Diocesano
O Serviço Diocesano da Pastoral Familiar e Laicado reuniu esta noite por zoom a esmagadora maioria dos responsáveis de ilha, leigos e sacerdotes e neste encontro o Administrador Diocesano deixou o desafio às famílias açorianas para que sejam os primeiros agentes de evangelização dos mais novos evitando a delegação dessa competência na Igreja ou na escola.
O sacerdote, que lidera a diocese neste período de sede vacante, deixou uma palavra para o papel da família na ajuda à Igreja para acolher situações mais complexas, lembrando que a família cristã não é uma ideia ou um conceito absurdos.
“Não podemos ignorar os novos cenários familiares do nosso tempo, com situações complexas e problemáticas para a opção cristã. Apesar das feridas, do esvaziamento do significado transcendente e das fragilidades que caracterizam a família, há sempre uma espécie de saudade da mesma, que leva a procurar o seu valor e a construi-la ou reconstrui-la”, afirmou.
“A Igreja deve acompanhar as pessoas que estão marcadas por um amor ferido, numa condição mais frágil, voltando a dar-lhes confiança e esperança, invocando sempre a graça da conversão, a fazerem o bem, a cuidarem com amor um do outro, e colocarem-se ao serviço da comunidade onde vivem e trabalham” afirmou citando o Papa Francisco na exortação pós-sinodal Amoris Laetitia.
“Pelo seu exemplo de vida quotidiana os pais crentes têm a capacidade mais envolvente de transmitir aos seus filhos a beleza da fé cristã. Os casais católicos devem superar a mentalidade comum de delegar esta tarefa seja num nos membros do casal, dispensando o outro, seja nos avós, no colégio, na escola, na paróquia” afirmou o cónego Hélder Fonseca Mendes, que participou pela primeira vez nestes encontros regulares promovidos pelo Serviço Diocesano da pastoral da Família e Laicado, que voltou a ter a assistência espiritual do ouvidor de Ponta Delgada, monsenhor José Medeiros Constância.
A partir dos documentos do magistério sobre a importância da família como `Igreja doméstica´, nomeadamente a exortação pós-sinodal Amoris Laetitia, escrita pelo papa Francisco depois do sínodo da Família, em 2016, o sacerdote lembrou a importância dos avós- “Eles desempenham um papel particular na transmissão da fé aos mais jovens”- e das mães na educação para a fé- “A maior parte de nós deve a uma mulher, sobretudo à mãe, a primeira e mais profunda experiência da atitude religiosa sobretudo na oração”- , mas lembrou aos casais a sua responsabilidade na evangelização.
“A vida conjugal e familiar, vivida segundo o desígnio de Deus, constitui já em si mesma um Evangelho vivo, onde se pode ler o amor gratuito e paciente de Deus pela humanidade, onde há capacidade de doar e de perdoar” afirmou o cónego Hélder Fonseca Mendes.
“A família é um anúncio de fé, enquanto lugar natural onde a fé pode ser vivida de maneira simples e espontânea, sem uma preocupação orgânica e metódica. Por isso, se pode falar de evangelização na família, a partir de dentro dela” esclareceu ainda, destacando que a família “é o lugar natural para a iniciação à vida, também à vida cristã, onde se desperta também para o sentido de Deus, onde se dá os primeiros passos, também na oração, onde se educa, também a consciência moral e o sentido cristão do amor humano”.
Destacou, ainda, a continuidade da acção da família no tempo e nos espaço- “de semana e de fim de semana, mais permanente e quotidiana, em tempo letivo e de férias, em trabalho e em passeio, mais permanente e quotidiana que estruturada em períodos ou blocos letivos”- e lembrou a necessidade da própria família se abrir à escuta e ao encontro com Deus, o que pressupõe uma vontade da própria família ser evangelizada.
Neste contexto lembrou os vários itinerários propostos pela Igreja, nomeadamente a catequese dos jovens e dos adultos que se preparam para o Matrimónio, a catequese dos casais jovens sob a forma de mistagogia dos sacramentos que receberam, a catequese dos pais que pedem o batismo para os filhos, a catequese dos pais, cujos filhos fazem o percurso da iniciação cristã, a catequese intergeracional onde todas as gerações cabem, as catequeses nos grupos de esposos e famílias onde se desenvolve uma espiritualidade conjugal e familiar.
E concluiu: “a família deve guiar-se cristamente superando os desejos desmesurados promovidos pela sociedade de consumo, respeitando a criação e a casa comum” e “não se fechar no interior exclusivo dos seus membros, superar as relações de domínio, agressividade, abusos ou violência; desenvolver a capacidade de resistência, de perdoar, de ser compassivo, de aceitação do sofrimento e da morte; o reconhecimento da paciência como uma propriedade do amor, exercitar a convivência a partir do diálogo e da comunicação; ser um lugar de participação ativa dos membros nos seus âmbitos de realização e o respeito pelas diferenças uns dos outros, quando o amor e a verdade os une a todos”.
O Serviço Diocesano da Pastoral Familiar tem procurado desenvolver a pastoral familiar a partir de uma lógica territorial para em cada ilha encontrar leigos que se mobilizem e possam partir em missão na evangelização de outras famílias. Depois de oito anos, em que se desenvolveram as iniciativas Açores 165 e Açores 17, hoje o grande desafio é fazer com que esta dinâmica territorial saia em missão, para o terreno, cientes de que nem todas as ilhas estão no mesmo ritmo.
Em termos diocesanos, 7 das 17 ouvidorias não possuem ainda uma pastoral familiar organizada territorialmente, embora nalgumas, como a Terceira (ouvidoria da Praia e ouvidoria de Angra) exista uma dinâmica própria da pastoral familiar, sobretudo ao nível dos movimentos como o das Equipas de Nossa Senhora(ENS) e Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM).
Desta reunião, ficou claro que muitas dificuldades, que resultam da geografia e da desertificação das ilhas mais pequenas, foram acentuadas pela pandemia e pelo medo de reunião. Foi, ainda, deixado um repto para que se respeite a dinâmica paroquial estimulando momentos de espiritualidade e oração não só no seio da família mas também entre famílias, para além das várias iniciativas desenvolvidas em datas especificas como a Semana da Vida, o Dia da Familia, o Advento, entre outros. Foi deixado, ainda, um apelo a uma maior interligação entre a pastoral territorial e os movimentos de apostolado ligados à família, dando o protagonismo aos leigos.
O assistente diocesano deixou, de resto, um apelo em jeito de desejo: “se tivermos 17 casais formados nas 17 ouvidorias e se tivermos 80 casais nas paroquias, teremos uma pastoral territorial renovada com leigos empenhados e disponíveis para a missão” referiu monsenhor José Constância sublinhando a necessidade de haver “mais esperança e empenho num caminho conjunto, que permita a vivência de uma verdadeira sinodalidade”.
O Dia Diocesano da Familia vai ser celebrado a 15 de maio, na Ouvidoria de Viola Franca do Campo.
A equipa diocesana participará no próximo dia 19 na reunião nacional em Fátima onde, no centro da atenção, estarão os desafios deixados pelo Papa Francisco deixados nas 10 catequeses que o Papa elaborou para este ano.
Na reunião de zoom, esta terça-feira, participaram casais e assistentes clérigos e juntos elencaram um conjunto de desafios tendo em conta a vivência deste ano da família que culminará com o X Encontro de Famílias, em Roma.
Por decisão do Papa Francisco e sob a coordenação do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, está a celebrar-se o Ano “Família Amoris Laetitia”, que teve inicio a 19 de março de 2021, quinto aniversário da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, e terminará a 26 de junho de 2022, por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias em Roma.