Padre Emanuel Valadão Vaz é o convidado do programa de Rádio Igreja Açores
O padre Emanuel Valadão Vaz é ouvidor da Praia, uma das duas ouvidorias da ilha Terceira, há cinco anos e tem sido uma das vozes mais criticas do processo da caminhada sinodal, não por estar contra ela, mas pela forma como ela tem sido conduzida.
“A proposta diocesana pecou, desde o inicio, por uma deficiência no envolvimento das pessoas. Elas não se sentiram atraídas pelo desenvolvimento deste trabalho conjunto”, reconhece o sacerdote numa entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores que vai para o ar este domingo, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, a partir do meio-dia.
“Enquanto não virmos que é uma necessidade nossa- enquanto Igreja Povo de Deus- e como a vamos desenvolver, ficará sempre como algo imposto e isso não é bom” esclarece lembrando que “viver o sentido sinodal- trabalhar e estar em conjunto- não tem que ser uma coisa decretada”.
“Desde o inicio que somos críticos: a ouvidoria da Praia tem procurado viver junta, isto é, desenvolver a fraternidade entre a Equipa Sacerdotal, os leigos e o Povo de Deus em geral e o que temos feito tem sido sempre com a preocupação de integrar o máximo de pessoas no processo”, refere ainda.
“Sempre dissemos que este caminho deveria ser refeito e não foi; por isso, julgo que estamos a fazer esta caminhada sinodal sem que o seja efetivamente”, conclui o sacerdote na entrevista ao programa de Rádio Igreja Açores que pode ser ouvida também aqui, no domingo, durante a qual o sacerdote fala de “alguma pressa” que não terá sido “percebida pelas pessoas que acabaram por não se sentir atraídas por este processo”. Ainda assim, a ouvidoria da Praia tem correspondido e participado em todas as interpelações feitas pela diocese “sempre cientes de que o trabalho não era completo”.
Sobre a ouvidoria da Praia, composta por 14 paróquias distribuídas pelos 8 sacerdotes ao serviço e mais dois jubilados que nela residem, embora já aposentados, o padre Emanuel Valadão Vaz lembra que há inúmeros desafios, mas todos devem assentar num só: a proximidade.
“Estarmos atentos às pessoas, ao que elas nos transmitem e vivem. Isso ajuda-nos a estar próximos e nessa proximidade conseguimos ver mais e melhor as bolsas de pobreza, as condições de trabalho, a exploração e até uma certa mentalidade que faz dos pobres um bode expiatório, como nos quer fazer crer um certo populismo, mas também pensar numa maior participação social, no voluntariado, etc”.
“Há todo um conjunto de situações que vamos vendo, tentando ler procurando dar respostas com todos. Isto é caminhar sinodalmente”, sublinha o padre Emanuel Valadão Vaz.
Segundo o sacerdote, que é o responsável em Portugal pelo grupo dos padres do Prado, fraternidade sacerdotal muito inserida nas questões sociais e espirituais, há também que falar ao coração dos jovens a onde “não estamos a conseguir chegar”.
“Um desafio grande é que possamos perceber o que a Igreja precisa que é ir ao encontro do Reino de Deus, isto é, maior proximidade às pessoas e perceber que a nossa espiritualidade enquanto cristãos só se torna completa quando ela se faz corpórea”, afirma o sacerdote que, nesta entrevista fala ainda do período de sede vacante em que a diocese se encontra; da dificuldades que é manter a participação dos fiéis em atividades que se estendem no tempo, ou da necessidade de despertar o sentido “de fidelidade ao trabalho de Igreja”.
A entrevista ao ouvidor da Praia da Praia vai para o ar este domingo.
A Ouvidoria da Praia
É a mais recente ouvidoria da diocese, situa-se na ilha terceira e é composta por 14 paróquias. Nela residem 10 padres, 8 dos quais com funções de párocos. Na Praia da Vitória existem uma Santa Casa da Misericórdia; quatro Centros Sociais e Paroquiais e várias Irmandades do Divino Espirito Santo. Aliás, a Ouvidoria da Praia integra geograficamente a zona do Ramo Grande, uma das mais importantes na celebração das Festas do Divino Espirito Santo, onde os dias de bodo- 1º e 2º Bodos, de Pentecostes e Trindade- são vividos de forma muito festiva. Nesta ouvidoria existe ainda a Capelania da Base das lajes.