Por Renato Moura
Para os cristãos o Advento é tempo para reencontrar a alegria e fazer crescer a esperança no futuro. Até quem não têm ligação à Igreja costuma fazer desta época tempo de alegria, solidariedade e festa em família.
Duas ondas informativas criaram um tsunami mobilizador da atenção geral.
Uma delas é a pandemia. Ultrapassado o nível de vacinação tido por ideal, fizeram-nos acreditar num razoável regresso a alguma normalidade. A ómicron, ainda antes de devidamente estudada, promovida a mais terrível mutação; mesmo não muito severa, nela se concentrou a ameaça de transmissibilidade terrífica; reúnem-se chefes de estados e de governos. Divulgam-se probabilidades estatísticas sem fundamento em experiência e logo de nula ciência. Fica o povo dominado, disponível para se submeter a todos os tipos de perda de liberdade. Cuidado: a experiência pode ter aberto caminho a riscos ditatoriais futuros.
A Covid 19 merece respeito, cuidado, responsabilidade individual e colectiva; aliás todas as demais doenças e razões de morte agora feitas esquecer. Todavia o pânico não leva a nada de consistente. Se muitos dos adultos são capazes de distinguir o trigo do joio, as crianças não; e os idosos estão a arcar com uma carga informativa aterradora, ameaçadora da tranquilidade, redutora de tempo de vida. São duas caras: a da protecção e a da ameaça!
Nestas últimas semanas, o outro grande bloco noticia acções de inspectores da PJ e da Autoridade Tributária, buscas domiciliárias e não domiciliárias, apreensão de documentos e material informático, presumível prática de crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática, branqueamento de capitais, corrupção, participação económica em negócio. Sabe-se de decisões de tribunais: aplicação de medidas de coação, detenções, pedidos do Ministério Público para condenação, perda de mandato, pedido de extradição; julgamentos com aplicação de enormes penas de prisão.
Terão rolado milhões. Arguidos alguns, condenados outros, envolvidos estão governantes e autarcas ao mais alto nível, gestores do sector público empresarial, banqueiros, presidentes dos maiores clubes, empresários de futebol e não só. Ficámos de cara à banda quando percebemos como homens tidos por muito responsáveis e respeitados, teriam duas caras: numa a imagem e o poder, noutra a cedência às tentações. Eles perderam a cara; e está na cara a diminuição da nossa confiança nas instituições.
Resta acreditar em Deus, que só tem uma cara e oferece esperança; e aguardar para a Justiça dar a cara.