O apelo imediato é a uma Igreja em saída
A ouvidoria de Ponta Delgada desafia os cristãos a “despertar” e a assumir o caminho sinodal na vida concreta do quotidiano ao jeito de uma igreja em saída.
“Para uma Igreja missionária na nossa Ouvidoria, Diocese e Paróquias necessitamos de sair mais dos templos, dos Centros Pastorais, das Salas de Reuniões, de repetidos encontros e estarmos mais na vida e no meio da resolução dos problemas.”, refere uma nota enviada a todas as paróquias pelo ouvidor, Monsenhor José Constância.
“Descobrir nas nossas paróquias, cidade e periferia as reais periferias geográficas e existenciais, onde estão os que mais necessitam” é o desafio do ouvidor às 18 comunidades paroquiais que integram a ouvidoria, a que o Igreja Açores teve acesso.
A reflexão proposta pelo ouvidor, nesta fase em que são auscultados os conselhos pastorais paroquiais e `todo o povo de Deus` desafia a uma “análise mais abrangente” e a uma participação “mais clara” de todos os batizados neste processo sinodal, onde coloca algumas questões que devem servir como mote a uma reflexão conjunta.
O objetivo é “ser uma presença no mundo” garante o ouvidor na carta enviada a todos sacerdotes. Em causa está igualmente o desenrolar de uma pastoral social ativa.
“Os fundos de solidariedade cristã que existem ou possam existir nas paróquias, ouvidorias e Diocese, os peditórios especiais de partilha cristã, a renúncia quaresmal bem feita e as campanhas do Advento-Natal e Quaresma poderão concretizar a recolha e partilha de bens de que se fala”, refere o ouvidor que no documento enviado apresenta caminhos e propostas de agilização deste processo que deve estar concluído no final do primeiro trimestre do próximo ano.
Esta fase faz parte de um processo alargado a toda a igreja no mundo, proposto pelo Papa Francisco, sobre a Sinodalidade, que culminará no Vaticano em Outubro de 2023, com um Sínodo.
O Sumo Pontifice da Igreja Católica quer saber como é que a Igreja está a fazer o “caminho em conjunto” no anúncio do Evangelho e chama “todos os baptizados” a darem opinião.
“O objectivo do actual Sínodo é escutar, como todo o Povo de Deus, o que o Espírito Santo está a dizer à Igreja”, indica o ‘Vademecum’ (guia para orientar a acção no caminho sinodal) , apontando as dez áreas temáticas e as perguntas essenciais a que as equipas diocesanas deverão dar resposta: ‘Acompanhantes no caminho’, ‘Escutar’, ‘Falar’, ‘Celebração’, ‘Partilhar a responsabilidade pela nossa missão comum’, ‘Diálogo na Igreja e na Sociedade’, ‘Ecumenismo’, ‘Autoridade e Participação’, ‘Discernimento e Decisão’ e ‘Formar-nos na sinodalidade’.
Subordinado ao tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, o processo que conduzirá a 2023 pretende envolver toda a Igreja Católica e será aberto solenemente nos próximos dias 9 e 10 de Outubro, no Vaticano, enquanto uma semana depois, em 17 de Outubro, cada uma das dioceses a nível global fará a sua abertura localmente.
“O Papa Francisco convida a Igreja inteira a interrogar-se sobre um tema decisivo para a sua vida e a sua missão: ‘O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio’”, lê-se no documento preparatório do sínodo emanado do Vaticano, apontando para a auscultação de todos os que fazem parte da Igreja, a começar pelos leigos.
Segundo o ‘Vademecum’, “todo o Processo Sinodal visa promover uma experiência vivida de discernimento, participação e corresponsabilidade, onde se reúne uma diversidade de dons para a missão da Igreja no mundo.
“Neste sentido, (…) o objetivo deste Sínodo destina-se a inspirar as pessoas a sonhar com a Igreja” que são chamadas “a ser, (…) a estimular a confiança, a vendar as feridas, a tecer relações novas e mais profundas (…), a construir pontes, a iluminar mentes”, aponta este documento, que sublinha a necessidade de a fase diocesana do Sínodo, que “é consultar o Povo de Deus”, seja levada a efeito “através da escuta de todos os baptizados”.
Neste contexto, sublinha que é “preciso ter especial cuidado para envolver as pessoas que possam correr o risco de serem excluídas: mulheres, deficientes, refugiados, migrantes, idosos, pessoas que vivem na pobreza, católicos que raramente ou nunca praticam a sua fé, etc. É necessário também encontrar meios criativos para envolver as crianças e os jovens”.
A Conferência Episcopal Portuguesa vai promover uma reunião pré-sinodal, de 25 a 28 de Abril de 2022, coincidindo com a sua Assembleia Plenária.