Bispos portugueses criam comissão para investigar abusos sexuais na Igreja

Decisão foi tomada “por unanimidade” dos bispos

Os bispos portugueses anunciaram hoje, em Fátima, a criação de “uma comissão nacional” para reforçar o atendimento dos casos de alegados abusos sexuais e o seu acompanhamento a nível civil e canónico.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) refere na decisão que esta comissão, que irá integrar um conjunto de pessoas leigas e “algumas não católicas”, irá “reforçar e alargar o atendimento dos casos [de abusos sexuais] e o respetivo acompanhamento a nível civil e canónico e fazer o estudo em ordem ao apuramento histórico desta grave questão”.
O presidente da CEP, José Ornelas, disse no final da reunião que os bispos não receiam a investigação sobre abusos sexuais na Igreja.
“Temos muita pena e custa-nos muito tratar estas coisas [abusos sexuais], como qualquer família que tratasse de um problema destes, mas não temos medo e temos todo o interesse em esclarecer tudo isto”, afirmou José Ornelas na conferência, após o encerramento da Assembleia Plenária”.
O presidente da CEP apontou a uma busca “intransigente” de clareza para esta questão, referindo que as pessoas que virão a integrar esta comissão vão ser contactadas, que deverá, ela própria, “criar critérios” para a sua atuação.
D. José Ornelas indicou que os números são importantes, mas o fundamental é “escutar as pessoas”, em concreto.
“Qualquer pessoa deve encontrar justiça, acolhimento, também apoio para se libertar dos pesos que leva”, sublinhou.
O bispo de Setúbal assinalou que é necessário enfrentar a questão “com honestidade”, afirmando-se preparado para “tudo o que venha a acontecer”.A Assembleia Plenária que decorreu em Fátima contou com a presença de D. Juan Ignácio Arrieta, secretário do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos (Santa Sé), para uma formação sobre o Livro VI do Código de Direito Canónico (CDC), recentemente alterado, reformando a disciplina penal que existe desde 1983.
Os casos de abusos de menores e adultos vulneráveis, bem como a posse ou divulgação de pornografia, são agora inseridos numa secção especificamente dedicada aos “delitos contra a vida, a dignidade e liberdade do homem”.
https://youtu.be/-AYS6qvziic
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