O Papa denunciou, numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano, o impacto da busca ilimitada do lucro no aumento da pobreza e dos conflitos a nível mundial.
“Hoje vemos que o mundo nunca foi tão rico, mas apesar de tal abundância, a pobreza a e desigualdade persistem; pior ainda, crescem”, aponta, num texto dirigido aos participantes do encontro promovido pela Academia Pontifícia das Ciências Sociais, no Vaticano, sobre o tema ‘Caritas, amizade social e o fim da pobreza. Ciência e ética da felicidade’.
Francisco aponta o dedo ao que chama de “pensamento único” que tem considerado milhões de pessoas como “descartáveis” ou um “peso indigno para o erário público”.
“Nestes tempos de opulência, em que deveria ser possível acabar com a pobreza, os poderes do pensamento único nada dizem sobre os pobres, os idosos, os imigrantes, das pessoas por nascer, os gravemente doentes. Invisíveis para a maioria, eles são tratados como descartáveis”, escreve.
É um crime contra a humanidade que, como resultado deste paradigma ganancioso e egoísta dominante, os nossos jovens sejam explorados pela nova e crescente escravidão do tráfico de pessoas, especialmente no trabalho forçado, na prostituição e na venda de órgãos”.
O Papa convida a implementar o “revolucionário paradigma das bem-aventuranças de Jesus, a começar pela primeira”, ser pobre de espírito, “o espírito da pobreza”.
“É claro que a ganância que impulsiona o sistema há muito tempo deixou de lado a principal consequência económica, social e política do ‘espírito de pobreza’, aquela que exige justiça social e corresponsabilidade na gestão dos bens e dos frutos do trabalho humano”, precisa.
Francisco pede que os proprietários de bens saibam usá-los “num espírito de pobreza, reservando a melhor parte para o hóspede, o doente, o pobre, o velho, o indefeso, o excluído”.
“Ao longo deste tempo pandémico, temos visto como a globalização da solidariedade tem sido capaz de se impor com a sua discrição característica, nos diferentes cantos das nossas cidades””, acrescenta.
A mensagem conclui-se com o convite a “criar um movimento global contra a indiferença que crie ou recrie instituições sociais inspiradas nas Bem-aventuranças”.
(Com Ecclesia)