Diocese de Angra assinala dia dos bens culturais da igreja

Paróquias aderem ao projecto nacional “Comunicar o Património”

A partir deste sábado e durante um mês as igrejas dos Açores vão expor de forma destacada uma peça emblemática do seu espólio para assinalar o dia dos Bens Culturais da Igreja que se celebra este sábado dia de São Lucas, patrono dos artistas.

O repto diocesano foi lançado pela Comissão dos Bens Culturais na sequência de uma iniciativa nacional intitulada “Comunicar o Património” que visa sensibilizar as comunidades para a defesa, preservação e conservação do património religioso.

A Sé de Angra destaca o Frontal de prata do altar do Santíssimo Sacramento com iconografia eucarística do sec XVIII (1702), que a literatura de arte designa como “a maior referência de arte de prata em Portugal”.

Segundo Oliveira Martins, citado por João Soalheiro, a obra é creditada a D. António Vieira Leitão, Bispo de Angra entre 1693 e 1714 que a terá encomendado a Manuel Quental e António Brito (autores dos paineis) e Manuel Carneiro. As cenas que ocupam os paineis representam a entrada em Jerusalém, a agonia de Jesus, a ùltima ceia e o lava pés.

Também o Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico vai ter exposto o Resplendor do Senhor Bom Jesus, que data da década de 70 e resulta da fusão de vários objetos de ouro oferecidos pelos fieis.

Na Igreja Matriz de Santa Maria Madalena, também na ilha do Pico, estará exposta a coroa de ouro que, habitualmente, adorna a imagem e que foi oferta de um emigrante em 1947.

“Optámos por duas peças quase contemporâneas que respresentam um enorme valor material mas, que sobretudo, integram o espólio das respetivas igrejas graças à devoção dos fieis”, sublinha ao Sítio Igreja Açores o pároco, Pe Marco Martinho.

Nas Flores, a iniciativa passa por inaugurar uma exposição alusiva aos 500 anos de presença da Igreja a Ocidente e que estará patente ao público no Salão Paroquial da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nas Lajes.

“A exposição tem peças de estatuária, prata, paramentaria e recolhe o contributo de todas as paróquias das Lajes”, disse ao Sítio Igreja Açores o Pe Davide Barcelos.

Na igreja Matriz das Capelas, em São Miguel estará em exibição “um Cristo do Século XVII”, diz o Pe Hélio Soares e, na Igreja Matriz de Vila Franca, “dar-se-á destaque às recém restauradas tábuas quinhentistas que representam a lamentação sobre Cristo morto de Diogo Contreiras”, referiu o pároco, Pe José Borges.

Na Ribeirinha, na ilha Terceira, o destaque vai para uma peça de paramentaria, “uma casula com motivos de São Pedro, que é do séc. XVI e que fará parte de um conjunto de casulas inglesas” refere o pároco, Pe António Henrique Pereira.

Em Ponta Delgada, a Igreja Matriz de São Sebastião prefere convidar todos os fieis a visitarem a Sacristia Museu, onde está todo o espólio inventariado e fotografado, sem destacar qualquer peça especialmente neste dia, como referiu ao Sítio Igreja Açores o pároco, Pe Nemésio Medeiros.

A iniciativa que visa assinalar o Dia dos bens Culturais da Igreja “comunicando o património” foi um desafio lançado pela Comissão Diocesana dos Bens Culturais, que este ano vai iniciar o inventário do Património Móvel e Integrado da diocese, no âmbito do protocolo celebrado em abril deste ano com a Direção Regional da Cultura, como já noticio o Sítio Igreja Açores.

O projeto de inventário dos bens culturais da diocese- bens móveis, integrados e arquivos- arranca com a aquisição de software, ao abrigo do programa de incentivos para sistemas de gestão- Projecto Thesaurus-, aquisição de equipamentos informáticos e um plano de formação ao nível das diferentes ouvidorias.

“Trata-se de um inventário para conhecer mas também para melhor preservar e garantir a segurança”, disse ao Sítio Igreja Açores, o responsável pela Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, Pe Duarte Melo.

Algumas paróquias já estão sensibilizadas para esta tarefa e já se adiantaram a fazer o seu próprio inventário (casos de Santa Cruz da Lagoa, Corvo, Capelas , entre outras), “o que é muito positivo e indispensável pois, canonicamente, cabe à paróquia essa responsabilidade”, sublinha o sacerdote.

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