Picoenses cumprem voto secular com 303 anos
A Paróquia de São Mateus do Pico está a preparar a festa do seu Padroeiro, o Glorioso Apóstolo e Evangelista São Mateus, que celebrará no dia 21 de setembro, estando a decorrer já, desde o passado domingo, dia 12 de setembro, o novenário de preparação com a celebração da Eucaristia pelas 20h00 horas, que em cada dia é solenizada pelas irmandades e instituições da freguesia.
No dia litúrgico de São Mateus, 21 de setembro, haverá Missa pelas 17h00, no Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus Milagroso, respeitando as normas vigentes de combate à pandemia, informa uma nota enviada ao Igreja Açores.
Nesta festividade o povo das comunidades de São Mateus, São Caetano e Santa Margarida, cumpre o secular voto dos seus antepassados, que remonta ao ano de 1718 em que as três comunidades formavam uma única freguesia, e então prometeram se o fogo do vulcão que rebentou no extremo sul da freguesia, não chegasse à mesma, todos os anos, “enquanto o mundo fosse mundo”, no dia do Padroeiro, haveriam de dar pão em louvor do Divino Espírito Santo e do Senhor São Mateus a todos aqueles que viessem à festa.
Mesmo em tempo de pandemia, não se deixará de cumprir este voto, distribuindo rosquilhas a todos os que participarem na Missa ou que nessa tarde passarem pela freguesia de São Mateus.
No final da Solene Eucaristia, a Filarmónica Lira de São Mateus saudará no adro do Santuário a imagem do Padroeiro e serão abençoadas e distribuídas as rosquilhas ofertadas pelos fiéis a todos os presentes.
No dia 19, realiza-se um concerto de música barroca com trompa e órgão, no Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso pelas 20h00, com os jovens músicos picoenses João Silveira na trompa e André Medeiros ao órgão.
No dia seguinte, a 20 de Setembro, véspera da Festa de São Mateus, haverá no Santuário do Senhor Bom Jesus, pelas 21h00 o lançamento do livro “Caminhos do Divino – Um olhar sobre a Festa do Espírito Santo em Santa Catarina” (Brasil), da professora Lélia Nunes, que se encontra nos Açores para lançar a nova edição ampliada e atualizada deste seu trabalho.
O livro apresenta o culto do Divino Espírito Santo em Santa Catarina, segundo as pesquisas da autora, que é socióloga, professora aposentada da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e membro da Academia Catarinense de Letras (Cadeira 26), cuja tradição é fruto da diáspora açoriana e está presente em dezenas de municípios do litoral catarinense e até em cidades do Vale do Itajaí e no Planalto Serrano.
“Toda essa diversidade de manifestações culturais está presente neste livro que faz um amplo e necessário resgate da Festa do Divino em Santa Catarina” refere a nota enviada ao Igreja Açores.
Na apresentação que faz nas páginas iniciais da obra, o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, observa que esta é uma das mais belas e antigas tradições presentes na Ilha de Santa Catarina. Promovida pela irmandade do Espírito Santo, na região central, desde 1776, a festa é uma referência cultural e mistura-se com a história da diáspora açoriana no estado de Santa Catarina.
A obra de 268 páginas, ricamente ilustrada, é resultado de uma pesquisa que se iniciou em 1987, percorreu o Brasil e os Açores, e faz o registo da história social, dos símbolos, do ritual e das formas de celebração da festa realizada nas diferentes comunidades.