Mensagem do Papa destaca importância de acompanhar quem foi mais afectado pela covid-19
A Igreja celebra este domingo o I Dia Mundial dos Avós e dos idosos, na véspera da festa litúrgica de Santa Ana e São Joaquim, os avós de Jesus. Na mensagem para este dia, Francisco evoca o sofrimento dos mais velhos durante a pandemia.
“A pandemia foi uma tempestade inesperada e furiosa, uma dura provação que se abateu sobre a vida de cada um, mas a nós, idosos, reservou-nos um tratamento especial, um tratamento mais duro”, escreve Francisco, de 84 anos e, em muitas afirmações que constam da mensagem se assume na primeira pessoa.
A mensagem, intitulada ‘Eu estou contigo todos os dias’, dirige-se aos avôs e avós de todo o mundo, num “tempo difícil”.
“Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos seus entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados”, recorda o Papa.
Francisco apresenta-se como um idoso e sublinha a importância de manter viva a fé, num momento de particular sofrimento.
“Toda a Igreja está solidária contigo – ou melhor, connosco –, preocupa-se contigo, ama-te e não quer deixar-te abandonado”, refere.
O texto evoca a experiência de sofrimento de São Joaquim e Santa Ana, os pais de Maria, mãe de Jesus, para falar das “noites de insónia” de muitos idosos, “povoadas por lembranças, inquietações e anseios”.
“Mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão”, indica.
O Papa sublinha que este Dia Mundial se celebra pela primeira vez depois de “um longo isolamento e com uma retoma ainda lenta da vida social”
“Oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo”, deseja.
“Neste período, aprendemos a entender como são importantes, para cada um de nós, os abraços e as visitas, e muito me entristece o facto de as mesmas não serem ainda possíveis em alguns lugares”, escreve.
Francisco sustenta que os mais velhos têm um papel a desempenhar na Igreja e na sociedade, afirmando que “não existe uma idade para reformar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos”.
“Como sabeis, o Senhor é eterno e nunca vai para a reforma. Nunca”, acrescenta.
A mensagem considera que avós e idosos têm a missão de “salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos”.
“Há necessidade de ti para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo de amanhã: aquele em que viveremos – nós com os nossos filhos e netos –, quando se aplacar a tempestade”, realça.
O Papa aponta três “pilares” para esta reconstrução – “os sonhos, a memória e a oração” – em que os mais velhos têm um papel fundamental.
O texto cita Bento XVI, Papa emérito, “um idoso santo, que continua a rezar e trabalhar pela Igreja”, para referir que “a oração dos idosos pode proteger o mundo, ajudando-o talvez de modo mais incisivo do que a fadiga de tantos”.
Em janeiro deste ano, Francisco anunciou a instituição do “Dia Mundial dos Avós e dos Idosos”, que se vai assinalar anualmente no quarto domingo de julho, junto à celebração litúrgica de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho).
(Com Ecclesia)