Por Renato Moura
Há cidadãos ouvidos nas comissões de inquérito a gozar com os deputados e a descredibilizar o Parlamento. A sociedade parece mobilizada para debelar a violência doméstica e há decisões judiciais dando sinais de a acalentar. Quanto a candidaturas de pessoas a braços com a justiça, há forças políticas a verem o argueiro no olho do vizinho sem verem a trave no seu. São contradições absurdas.
No espectáculo do futebol o Estado não permitiu aos portugueses, mas consentiu aos ingleses. O Governo deve tomar-nos por ceguinhos, ou tolinhos, em termos de Liga dos Campeões: anunciou uma “bolha” onde vinham e iam os ingleses; considerou a final um “sucesso” sem incoerência, nem excepções; disse que a maior parte das coisas correu bem; terminou concluindo haver regras que têm de ser cumpridas e o ocorrido não pode servir de alibi para fazer o mesmo! O Ministro da Administração Interna há muito não merece credibilidade, o 1.º Ministro eleva-lhe a confiança como escudo protector. Há quem peça a demissão do Ministro, pelos vistos não aprenderam como em política a única forma de manter um ministro é exigir a demissão! Já nem a Associação de profissionais da PSP acredita na capacidade de Portugal para realizar certos eventos. Mais desconexões funestas.
Pelos vistos não se quis aprender com o fenómeno ocorrido em Lisboa aquando da justa vitória do Sporting no campeonato. Ingenuidade não é, obviamente. Na verdade, vai-se de lição em lição até à derrota final! A perda de confiança e autoridade do Estado é já evidente: não se cumpre, não se dão explicações objectivas dos motivos e das decisões; muito menos se tem a honestidade de reconhecer os erros e em vez disso se tenta defender o injustificável! Outras incongruências graves.
Como se pode compreender a imposição de futuros eventos sem público, ou até com apertadas regras? Merece alguma credibilidade o espaventoso anúncio de se estar a contribuir para a retoma da economia, abrindo com conta peso e medida, quando na realidade são evidentes os sinais de dois pesos e duas medidas, conforme quem promove? Os pobres aldeões continuarão sem festas e romarias e os ricos esgotarão os caros bilhetes dos festivais.
Estão reguladas por lei as regras de acesso, ocupação e utilização das praias neste ano. São variadas e pesadas as exigências, cuja utilidade aqui ora se não discute; mas não deixarão de se considerar ridículas perante outras situações consentidas.
A coerência não só se pede, exige-se por direito e dever; pois se não existe os resultados são fatais.