“É um grande contributo para a evangelização» do Alentejo, considera D. António Vitalino
O bispo de Beja manifestou hoje a sua alegria pela nomeação do bispo coadjutor para a diocese, D. João Marcos, do Patriarcado de Lisboa, e salientou a “experiência rica na missão da Igreja” do novo prelado.
“Fico muito satisfeito que depois de um ano e meio de muitas consultas e muitas demoras termos conseguido alguém que, embora também não seja muito novo [65 anos) tem uma experiência muito rica na missão da Igreja e poderá ser um grande contributo para a evangelização do Alentejo”, revelou D. António Vitalino à Agência ECCLESIA.
O prelado destacou que espera que o bispo coadjutor, nomeado pelo Papa Francisco, seja “um bom companheiro” e que quando assumir a Diocese de Beja, que “seja um bom continuador de uma missão que é sempre nova”.
Com 65 anos, o novo bispo era até agora diretor espiritual no Seminário Maior de Cristo-Rei e no Seminário ‘Redemptoris Mater’ de Nossa Senhora de Fátima, no Patriarcado de Lisboa.
Na sua saudação à Diocese de Beja, D. João Marcos diz que assume esta missão com “a alegria e a simplicidade de quem é escolhido e não escolhe”.
D. João Marcos frequentou, para além do curso teológico no Instituto Superior de Estudos Teológicos do Patriarcado, o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, hoje Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
O novo bispo alude a esta atividade, na primeira mensagem aos católicos de Beja, prometendo que não vai levar os pincéis porque não quer “cheirar a tinta, e muito menos” ficar “nas tintas”.
“O Santo Padre quer pastores que vão à frente, mas também no meio e atrás do rebanho, solícitos pelo bem das ovelhas, pastores que cheirem a ovelha… em Beja não podia ser de outro modo”, acrescenta, pedindo orações por si.
Natural da Diocese da Guarda, D. João Marcos frequentou os seminários do Patriarcado de Lisboa, na década de 60 e 70, sendo ordenado sacerdote a 23 de junho de 1974 pelo então cardeal-patriarca D. António Ribeiro.
A nomeação responde a um pedido feito pelo atual bispo de Beja, D. António Vitalino, que em diversas ocasiões se manifestou sobre a necessidade de contar com um bispo coadjutor a quem possa confiar a sua missão quando atingir os 75 anos [novembro de 2016], idade em que o Direito Canónico determina a apresentação da renúncia.
O bispo coadjutor é nomeado por iniciativa da Santa Sé e, ao contrário dos bispos auxiliares, goza do direito de suceder ao bispo diocesano quando este cessa as suas funções.
D. João Marcos alimentou o gosto pela pintura e considera o seu ateliê um “lugar de oração”, sublinhando que “na Igreja é o mistério da encarnação [nascimento de Jesus] que permite a arte, sobretudo a pintura”.
“Assim como podemos fazer tratados escritos com palavras acerca de Cristo, que é o Verbo de Deus, ele é também imagem do Deus invisível”, pelo que também se pode falar dele através de “imagens”, “janelas que se abrem para o mistério” divino, disse à Agência ECCLESIA no Natal de 2011, comentando a arte cristã no Advento.
Noutra reflexão, na Semana Santa de 2012, D. João Marcos referiu que muitas vezes os cristãos não se dão conta do “tesouro” que trazem dentro de si e da necessidade de “saciar” a sua sede de Deus.
Pároco entre 1974 e 2002 e membro do Conselho Pastoral do Patriarcado de Lisboa a partir de 2001, o novo bispo foi nomeado cónego da Sé de Lisboa em 2003; fez várias experiências de itinerância como membro do Caminho Neocatecumenal, nomeadamente em Évora (1981-1983), em Dublin (1984) e em Porto Velho, Manaus e Belém do Pará (Brasil, 1985).
Os temas da formação sacerdotal e da representação iconográfica da Liturgia da Bíblia preenchem as principais publicações da autoria de D. João Marcos
D. João Marcos, até ao momento no Patriarcado de Lisboa, vai encontrar uma diocese alentejana desertificada demograficamente mas “também uma certa desertificação a nível da própria igreja”, principalmente na prática dominical, adianta o atual prelado diocesano de Beja.
“Sabemos que já atingiu um ponto muito baixo a seguir ao 25 de abril de 1974, depois recuperou mas neste momento está um bocado estagnado. Ele vai encontrar uma situação não de multidões, que às vezes nos impedem de ver as outras multidões que estão por fora, mas vai sentir que os pequenos grupos têm de ser fermento”, desenvolve D. António Vitalino.
O bispo de Beja assinala que nesta região do país as pessoas estão muito dispersas e mesmo as igrejas “nem sempre estão perto”, por isso, têm de ser os pastores e os cristãos a ir ao seu encontro “senão não se consegue evangelizar”.
“A atitude missionária é muito importante no Alentejo e o cónego João Marcos tem uma grande capacidade de escuta, atenção e veia artística que descobrirá com certeza caminhos novos”, considera o prelado que acrescenta que “os alentejanos são muito sensíveis à beleza”, referiu D. António Vitalino.
Nesse sentido, o prelado assinala a alegria e a curiosidade do povo por saberem quem é o bispo coadjutor e espera que “essa alegria continue” para que o novo bispo seja bem acolhido, primeiro pelos que são “o grupo restrito de colaboradores e depois todos juntos” na missão da evangelização do Alentejo.
“Espero que a diocese e as comunidades paroquiais sintam que estamos aqui por causa deste povo e não por causa de nós mas ajudarmos o povo a encontrar-se consigo mesmo, com Deus e uns com os outros”, frisou o bispo de Beja.
D. António Vitalino já tinha manifestado, em fevereiro de 2013, a intenção de contar a ajuda de um bispo coadjutor a quem pudesse confiar a sua missão quando atingir os 75 anos [novembro de 2016], idade em que o Direito Canónico determina a apresentação da renúncia.
D. António Vitalino, de 72 anos, celebrou em janeiro deste ano 15 anos de ministério episcopal na diocese alentejana.
O prelado foi nomeado para a Diocese de Beja em 1999, depois de três anos ao serviço do Patriarcado de Lisboa, como bispo auxiliar.
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