O Papa enviou uma mensagem à XXVII Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que decorre em Andorra, evocando as “milhões de vítimas e doentes” da pandemia e apelando à solidariedade na distribuição de vacinas.
“A pandemia não fez distinções e atingiu pessoas de todas as culturas, credos, camadas sociais e económicas. Todos nós conhecemos e sentimos a perda de uma pessoa próxima que morreu de Covid-19 ou que sofreu os efeitos do contágio”, assinala o pontífice.
Francisco sublinha que o encontro, com o tema ‘Inovação para o Desenvolvimento Sustentável – Objetivo 2030. Ibero-América face ao desafio do Coronavírus’, decorre num “contexto particularmente difícil devido aos terríveis efeitos da pandemia de Covid-19 em todas as áreas da vida diária”.
“Todos nós vimos como as consequências desta trágica situação afetaram tantas crianças e jovens e acompanhamos com preocupação os efeitos que pode ter no seu futuro”, aponta.
O Papa aborda, em particular, a questão da vacina contra a Covid-19, sustentando que “a imunização extensiva deve ser considerada um bem comum universal”.
“São particularmente bem-vindas as iniciativas que procurem criar novas formas de solidariedade a nível internacional, com mecanismos que visem garantir uma distribuição equitativa das vacinas, não com base em critérios puramente económicos, mas tendo em conta as necessidades de todos, especialmente dos mais vulneráveis e necessitados”, acrescenta.
“Em várias ocasiões assinalei que temos de sair melhores desta pandemia, já que a crise atual é uma ocasião propícia para repensar a relação entre a pessoa e a economia que ajude a superar o curto-circuito da morte que vive em todos os lugares e em todos os momentos”; afirmou.
A mensagem assinala os “enormes sacrifícios de cada nação e dos seus cidadãos”, convidando toda a comunidade internacional a “comprometer-se, unida, com espírito de responsabilidade e fraternidade” para enfrentar os próximos desafios.
Francisco elogia o “árduo trabalho” dos médicos, enfermeiras, pessoal de saúde, capelães e voluntários que acompanharam os doentes.
“Devemos unir forças para criar um novo horizonte de expectativas onde o benefício económico não seja o objetivo principal, mas sim a proteção da vida humana”, refere.
A intervenção sublinha a necessidade de “coragem política” para que “não sejam os pobres a pagar o maior custo pelos dramas que atingem a família humana”.
O Papa pede um modelo de recuperação capaz de gerar “soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis”, defendendo uma reforma da “arquitetura” da dívida internacional, como parte integrante da resposta comum à pandemia.
“A renegociação do peso da dívida dos países mais necessitados é um gesto que ajudará os povos a desenvolver-se, a ter acesso a vacinas, saúde, educação e emprego”, precisa.
A comunidade ibero-americana é composta por 22 países, dos quais três europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
Portugal está representado conjuntamente pelos chefes de Estado e de Governo, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, respetivamente.
Os participantes guardaram um minuto de silêncio, em memória das vítimas da pandemia.
(Com Ecclesia)