Docente da Universidade Católica fala em pontificado marcado pela “proximidade” e atenção à realidade
Juan Ambrósio, professor da Faculdade de Teologia na Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse à Agência ECCLESIA que o pontificado do Papa Francisco, iniciado há oito anos, tem sido marcado pela “proximidade e presença”.
O docente sublinha o “exercício quotidiano do cuidado” como uma categoria teológica necessária para entender o atual Papa.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é também o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano, na história da Igreja.
Juan Ambrósio, entrevistado entre segunda e sexta-feira no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública (22h45), assinala o desejo de “chegar a todos”, numa Igreja missionária, com “atenção constante” ao contexto da vida concreta.
Comentando o pontificado que se iniciou solenemente a 19 de março de 2013, dia da celebração litúrgica de São José, o docente assinala que esta figura foi assumida como o “símbolo do que deve ser o exercício do ministério” do Papa.
“A missão de Pedro, hoje, é cuidar da Igreja, cuidar da casa comum, cuidar do ser humano. Todos os dias, em todos os momentos”, indica.
O entrevistado considera simbólica a convocação de um ano especial de São José (dezembro de 2020 a dezembro de 2021), em plena pandemia, como exemplo de “cuidado humilde” e de dom aos outros, para o pós-Covid-19.
“Estamos a construir um mundo novo e não está totalmente definido para que lado vai cair”, adverte.
Juan Ambrósio lamenta o as “grandes assimetrias” do mundo, com um fosso cada vez maior entre ricos e pobres, destacando que a crise pandémica veio lembrar que a vida de cada um é “sustentada” pela vida dos outros.
“Se não formos capazes de criar um mundo diferente, a partir desta dimensão da fraternidade, certamente sairemos mais fracos”, aponta.
Para o docente da UCP, é necessário seguir o rumo definido por Francisco e ousar com “criatividade”, tomando decisões “radicais” que até podem ser consideradas “utópicas”, mas são essenciais para a “transformação” da realidade.
O entrevistado elogia o trabalho desenvolvido pelo Papa, capaz de falar para lá das “fronteiras” da Igreja Católica e de oferecer propostas concretas de intervenção.
Juan Ambrósio sustenta que a comunidade cristã “não existe por si só nem para si só”, mas existe para “um novo projeto de mundo, de humanidade”.
(Com Ecclesia)