O Papa denunciou hoje no Vaticano o “escândalo das divisões” entre cristãos, afirmando que o ecumenismo é um caminho sem recuo, na Igreja Católica.
“Nas últimas décadas, graças a Deus, foram dados muitos passos em frente, mas é necessário perseverar no amor e na oração, sem desanimar e sem cansaço. É um percurso que o Espírito Santo suscitou e do qual nunca voltaremos atrás. Sempre em frente”, indicou, na audiência geral que decorreu, em privado, na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.
Milhões de cristãos em vários países, incluindo Portugal, vivem entre 18 e 21 de janeiro a sua semanal anual de oração pela unidade.
“Neste tempo de graves dificuldades, a oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos. É urgente pôr de lado os particularismos a fim de promover o bem comum, e para isso o nosso bom exemplo é fundamental: é essencial que os cristãos continuem o caminho rumo à unidade plena e visível”, declarou Francisco, esta manhã.
O Papa destacou que, mais do que uma estratégia, esta unidade é “um dom, uma graça a ser pedida com a oração”.
“Podemos perguntar-nos: ‘Rezo pela unidade?’. É a vontade de Jesus, mas se revirmos as intenções pelas quais rezamos, provavelmente compreenderemos que rezamos pouco, talvez nunca, pela unidade cristã”, afirmou.
O Papa evocou o tema da Semana de Oração de 2021, “Permanecei no meu amor e dareis muito fruto”, uma passagem do Evangelho segundo São João.
“A raiz da comunhão é o amor de Cristo, que nos faz superar os preconceitos para vermos nos outros um irmão e uma irmã a amar sempre. Deste modo, descobrimos que os cristãos de outras confissões, com as suas tradições, com a sua história, são dons de Deus, são dons presentes nos territórios das nossas comunidades diocesanas e paroquiais”, apontou.
“Comecemos a rezar por eles e, se possível, com eles. Desta forma, aprenderemos a amá-los e a apreciá-los. A oração, recorda-nos o Concílio, é a alma de todo o movimento ecuménico. Que seja o ponto de partida para ajudar Jesus a realizar o seu sonho: que todos sejam uma só coisa”, acrescentou Francisco.
A intervenção considerou que as divisões são obra do “inimigo, o diabo”, que “semeia a discórdia, provoca a crítica e cria fações”.
“Podemos examinar-nos e perguntar-nos se, nos locais onde vivemos, estamos a fomentar conflitos ou a lutar para crescer em unidade com os instrumentos que Deus nos deu: a oração e o amor”, observou o Papa.
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do presbítero anglicano norte-americano Paul Wattson que mais tarde se converteu ao catolicismo.
Ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades que favorecem o regresso à unidade dos cristãos; as principais divisões entre as Igrejas Cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia – Igreja Copta, do Egito, entre outras; no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente – Igrejas Ortodoxas -; no século XVI, com a Reforma Protestante e depois a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).
(Com Ecclesia)