Pastoral de proximidade é a grande aposta diocesana. Ano pastoral começa este domingo
O bispo da diocese de Angra defende uma “mudança” na ação da Igreja Católica que vá para lá do “apoio social”, em que a igreja se abra e se “aproxime num verdadeiro encontro”.
Nas orientações para o novo ano pastoral, que comçea este domingo, 5 de outubro, D. António de Sousa Braga sublinha a necessidade de passar de “uma pastoral do enquadramento, própria de um regime de cristandade em que a igreja era a referência e enquadrava as pessoas dentro de um determinado sistema, desde o seu nascimento até à morte, para outro tipo de pastoral”.
Segundo o responsável, os desafios lançados pelo Papa Francisco em relação às “periferias” não se referem apenas a “questões materiais, mas sobretudo existenciais”.
Num olhar sobre a diocese, o bispo açoriano sustenta que é necessária uma “aposta forte” na formação do clero e dos leigos, admitindo que a crise financeira condicionou o trabalho da pastoral.
Por isso, o prelado dicoesano propõe, para este ano, uma “verdadeira conversão pastoral em chave missionária” assente em três objetivos específicos: a formação dos agentes pastorais, a caracterização da realidade açoriana, a nível cultural, social e eclesial e a análise e revisão das respostas dos serviços pastorais em conformidade com a nova realidade social.
As orientações diocesanas de pastoral, têm como base inspiradora a exortação apostólica do papa Francisco – A Alegria do Evangelho- e propõem uma “nova” saída da igreja nos Açores para o terreno em nome de “um melhor conhecimento da realidade insular”.
“Urge reunir o que existe, recorrer às instâncias adequadas para chegar a um conhecimento, o mais completo e objetivo da realidade em que estamos inseridos”, sublinha D. António de Sousa Braga, reconhecendo que se trata de uma realidade “cultural rica e diversificada, em profunda mudança”, mas igualmente “problemática económica e socialmente” implicando “respostas novas que promovam uma verdadeira cultura de encontro”.
No essencial, o Bispo de Angra exorta a igreja diocesana a fazer “um exame sério de consciência para avaliar a sua capacidade e prática de acolhimento das pessoas” nas várias instâncias eclesiais.
Mobilizado pelos apelos do Papa Francisco, D. António de Sousa Braga diz que é preciso “colocar em chave missionária a atividade habitual e quotidiana da igreja”, o que “levará a uma dinâmica de reforma das estruturas eclesiais” não no sentido de uma “reorganização estática mas como consequência da dinâmica da missão”.
Esta “conversão pastoral só surtirá efeito se houver uma renovação espiritual da igreja”, sublinha, ainda, o responsável pela igreja católica nos Açores.
Respeitando as orientações do último Conselho Presbiteral, que reúne as cúpulas do clero açoriano, o Bispo compromete toda a igreja no desencadeamento de “um processo de identificação das periferias da sociedade açoriana”, sobretudo ao nível dos Ouvidores que vão ter “encontros específicos” com “especialistas” para “sinalizar e caracterizar” essas periferias e encontrar “as melhores respostas”.
Estes encontros serão realizados na semana da Diocese (de 3 a 9 de novembro) durante a qual se promoverá, também, a formação permanente para agentes pastorais, tendo por base a Exortação Apostólica.
Manter-se-ão os três turnos de retiros anuais do Clero diocesano, sendo que o retiro do Pico, geralmente o último turno, decorrerá sob a orientação do Cónego António Rego.
O próximo Conselho Presbiteral, em abril de 2015, centrará a sua agenda na análise e revisão das instâncias e serviços pastorais da Diocese.
O prelado diocesano lança, ainda, o repto às paróquias para “melhorarem o serviço de atendimento e acolhimento às pessoas”, para promoverem “a dimensão comunitária e a qualidade das celebrações litúrgicas” e para “conhecerem, orientarem e evangelizarem a religiosidade popular nas suas atitudes e manifestações”.
O Bispo de Angra deixa, também, uma reflexão sobre as ações concretas da igreja açoriana na resposta aos desafios propostos pelo Papa para este ano de 2015.
O Sínodo sobre a Família e a promoção da Vida Consagrada são alguns dos aspetos focados por D. António Sousa Braga que dedica uma especial atenção a esta última questão, que tem preocupado as instâncias diocesanas.
“O ano da Vida Consagrada pode ser uma oportunidade para lançar iniciativas de oração e ação em prol das vocações religiosas” destaca o Bispo de Angra, lembrando que os encontros de preparação para o Crisma e o Dia Mundial da Juventude constituem “ocasiões únicas” para o “intercâmbio de fé e encontro entre várias gerações”.
As orientações diocesanas estão compiladas num guia com 10 capitulos, distribuídos por 72 páginas.