Pela primeira vez nos Açores, e em grande parte do mundo católico , a Semana Santa e a Páscoa foram celebradas à porta fechada, sem fieis
O ano que agora termina fica fortemente marcado pela pandemia que ditou, pela primeira vez, a suspensão do culto público durante cerca de dois meses. Entre 16 de março e 18 de maio, nos Açores, tal como no resto do país, as celebrações decorreram à porta fechada, sem fieis, com particular destaque para a Semana Santa e para a Páscoa, um dos momentos mais marcantes da vida cristã.
Quando as celebrações, com a presença de fieis regressaram no final de maio, as regras sanitárias para evitar o contágio em massa pela Covid-19 ditaram uma nova normalidade nas igrejas que reduziram a cerca de um terço a ocupação dos espaços , o uso obrigatório da máscara e a higienização das mãos. Além da Missa também os casamentos, batizados e funerais ficaram condicionados com a possibilidade de uma participação muito reduzida. A retoma do culto publico foi, de resto, faseada nas diferentes ilhas conforme a situação sanitária de cada uma delas, com as ilhas de São Miguel e São Jorge a terem as imposições mais restritivas.
Durante este ano a diocese celebrou um protocolo com a autoridade regional de saúde para a cedência de instalações de apoio ao combate à pandemia, disponibilizando o Palácio de Santa Catarina, em Angra do Heroísmo e o Centro Pastoral Pio XII como instalações de retaguarda para doentes não covid.
Foi, aliás, a pandemia que esteve numa das mais marcantes imagens do ano, com o Papa Francisco a atravessar sozinho a Praça de São Pedro para a bênção Urbi et Orbi mais reproduzida em todo o mundo: “estamos todos no mesmo barco, ninguém se salva sozinho”, afirmou na altura o Papa.
Ainda durante este ano e no mesmo espirito de fraternidade surgiu uma nova encíclica- Fratelli Tutti– que desenvolve um conceito de amizade e fraternidade social como a nova chave para o desenvolvimento e para a paz.
A consequência mais imediata de celebrações sem pessoas foi o avanço das novas tecnologias, que se democratizaram. As redes sociais transformaram-se nos novos púlpitos da Igreja e milhões de fiéis seguiram atentamente as várias celebrações. Nos Açores diferentes paróquias adaptaram-se a esta modalidade mitigando a distância. Praticamente todas as ações pastorais presenciais foram canceladas e as redes sociais passaram a ser o verdadeiro areópago da comunicação da Igreja. Excepção feita à assembleia diocesana, de outubro, que reuniu pela primeira vez, em mais de 20 anos, os membros dos conselhos pastoral e presbiteral da diocese. Uma reunião destinada a refletir a caminhada sinodal, que no seu primeiro ano tinha em vista discutir a situação da Igreja nos Açores, a realidade sócio-económica dos açorianos e a cultura dominante.
No final dos trabalhos os conselheiros decidiram prosseguir a caminhada sinodal por mais um ano, agora de olhos postos numa Igreja em saída, com uma missão evangelizadora.
Deste ano sobram ainda seis ordenações sacerdotais e três ordenações diaconais de alunos do Seminário Episcopal de Angra.
A diocese recebeu três novos sacerdotes que regressaram dos seus estudos em Roma e enviou dois novos padres para a cidade eterna, confirmando, uma vez mais, o estatuto que cultivou ao longo do tempo de ser uma das dioceses que mais sacerdotes envia para o estrangeiro em ordem ao aprofundamento dos conhecimentos teológicos.
O ano foi igualmente de movimentação de sacerdotes com algumas mudanças de ilha para padres nomeadamente do Pico para São Miguel e Graciosa para Santa Maria. Três dos novos padres foram colocados no Faial, Terceira e São Miguel; dois ficaram em São Jorge e um no Pico.
Este foi, igualmente, um ano que ficou marcado por uma nova direção na Pastoral Social, na Comissão Justiça e Paz e na Pastoral da Familia.