Organizações católicas temem “aumento da pobreza extrema em todo o mundo”
As Comissões Justiça e Paz da Igreja Católica na Europa lançaram hoje uma declaração comum, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, alertando para o impacto da pandemia, a nível económico e sanitário.
“A Covid-19, juntamente com os conflitos e as alterações climáticas, levará a um aumento da pobreza extrema em todo o mundo”, alertam as organizações, em comunicado .
O documento defende que a vacinação contra a Covid-19 deve dar “preferência aos pobres” e funcionar como ponto de partida para “a recuperação económica, social e cultural” das sociedades, após se ter atingido a imunidade coletiva.
“Essa preferência também pode incluir aqueles que cuidam dos mais vulneráveis, seja por motivos profissionais ou familiares”, acrescenta a nota.
Os responsáveis católicos consideram que não pode haver “obrigação de vacinar”, mas sublinham que “cada cidadão é responsável pela sua saúde pessoal e pela saúde da sociedade, como um bem público partilhado”.
“Embora a escolha de tomar a vacina seja pessoal, essa escolha é um ato de generosidade e solidariedade por parte de todos e de liderança moral por aqueles que têm responsabilidades em todos os setores da sociedade”, indicam as Comissões Justiça e Paz.
O documento saúda o desenvolvimento de várias vacinas, “com bastante rapidez”, antes de recordar que cada pessoa “não só tem o direito de receber uma vacina gratuitamente mas também deve ser eficaz e segura”.
A nota apresenta os Direitos Humanos como a “chave para uma recuperação justa da pandemia”, alertando para a necessidade de evitar a sua limitação para lá de situações “proporcionais e estabelecidas pela Lei”.
“A luta contra a Covid-19 não pode ser vencida à custa dos Direitos Humanos”, advertem as organizações católicas.
O Papa Francisco também assinalou a celebração deste dia internacional, com uma mensagem publicada através da sua conta no Twitter: “Cada um é chamado a contribuir com coragem e determinação para o respeito dos Direitos Humanos fundamentais de cada pessoa, especialmente das ‘invisíveis’: de quem tem fome e sede, quem está nu, doente, estrangeiro ou detido (Mt 25,35-36)”.
Por sua vez, a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) apelou a uma mudança na Economia, para travar situações de miséria e evitar o agravamento da pobreza como consequência da crise provocada pela pandemia.
“Que as limitações económicas e financeiras não promovam situações de miséria. Que haja criatividade na repartição dos esforços, e coragem para atravessar este ‘deserto’ juntos, evitando sucumbir à tentação de aproveitamento da crise para ‘reestruturações’ que descartem as pessoas”, alerta o organismo da Igreja Católica em Portugal, em nota divulgada por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos, que se celebra hoje.
A CNJP une-se aos empresários, economistas, empreendedores e estudantes que fazem parte da plataforma global ‘Economia de Francisco’, convocada pelo Papa, para dar “uma nova alma à economia, partindo dos jovens e integrando todos num ‘novo barco económico’”.
Nesse sentido, apela aos responsáveis políticos e aos diversos decisores económicos, para que “considerem sempre o bem comum e a dignidade da pessoa humana nestes tempos pandémicos”.
O organismo católico recorda a proximidade do Natal e a mensagem dos bispos católicos para a sua preparação, na qual se sublinha que “o Menino, nascido em Belém no meio de tantas dificuldades, ‘não vem mudar as situações, mas vem mudar os corações’”.
“Deixemos que Ele toque os nossos corações e ‘recicle as nossas mentalidades’, para que este Natal seja o início de um tempo novo, com nova alma, na economia e em tudo o mais”, apela a CNJP.
(Com Ecclesia)