Serviço Diocesano de Evangelização e Catequese aposta na formação de catequistas e na catequese familiar

Prioridade é fazer “catequese de qualidade”, diz o responsável

No fim de semana em que decorrem as Jornadas Nacionais de Catequistas, o Sítio Igreja Açores falou com o responsável na Diocese de Angra pelo Serviço para a Evangelização e Catequese. O Pe António Henrique Pereira, que lidera um grupo que participa nestas jornadas, em Fátima, avança que a grande prioridade é a Catequese Familiar e a formação de catequistas. E, assegura que “só com boa vontade- que é necessária- não se consegue uma catequese de qualidade”.

 

Sítio Igreja Açores- – O tema central das Jornadas Nacionais de Catequistas, que começam esta sexta feira, é a Alegria de Anunciar Jesus Cristo. Qual o caminho que deve ser seguido?

Pe António Henrique Pereira O caminho que deve ser seguido é, precisamente, o de transmitir aos outros, através do seu testemunho, esta alegria do encontro com Cristo. Quem faz a descoberta do Senhor Jesus na sua vida, quem como Pedro é capaz de dizer “Tu és o Messias o Filho de Deus”, não pode guardar só para si esta descoberta. Sente, tal como Maria Madalena, a necessidade de O comunicar aos outros.

 

Sítio Igreja Açores- No fundo a Igreja propõe alegria em tempos de desânimo. Como é que se pode anunciar o Evangelho a famílias que não conseguem providenciar o sustento dos filhos e que se confrontam diariamente com problemas de subsistência? 

Pe António Henrique Pereira- Não é fácil, como sabemos “pregar a barrigas vazias”, mas esta alegria que o Senhor Jesus nos trás não se pode confundir com aquela que o mundo nos apresenta e que resulta de um momento especial ou de uma satisfação momentânea. A alegria que o Senhor Jesus nos dá é aquela que “nada nem ninguém nos pode tirar”, é a alegria de se saber amado por Deus, que não estamos sós nas nossas dificuldades, a de sabermos que o Senhor nos acompanha no nosso caminhar e, sobretudo, a de sabermos que dias melhores surgirão na nossa vida, isto é, a esperança que Jesus nos transmite.

 

Sítio Igreja Açores- A Igreja, nestas jornadas, está muito focada na questão da Catequese Familiar. Já em 2012 o assunto foi aflorado. No ano em que a Família vai estar novamente no centro da atenção da Igreja com duas assembleias sinodais, é uma estratégia evidente.Mas não deveria ter sido posta em prática mais cedo?

Pe António Henrique Pereira- A catequese e a família sempre estiveram relacionadas. Não é possível fazer catequese sem a participação da família, até porque, como sabemos os pais são os primeiros educadores dos seus filhos na fé. No entanto, tornou-se necessário dar uma maior atenção à família porque como sabemos, infelizmente, notamos que os pais se têm demitido um pouco desta sua missão e da colaboração que devem dar na catequese. Aquilo que se pretende é aproveitar toda esta movimentação que se está criando em torno da família para fazer despertar nela o papel ativo que deve ter na educação cristã dos seus filhos.

 

Sítio Igreja Açores- Nos Açores tem-se apostado pouco nesta catequese familiar. Porquê?

Pe António Henrique Pereira– Nos Açores tentou-se dar alguns passos nesse sentido com a implementação deste projeto em algumas paróquias piloto aqui na Terceira. O que aconteceu foi que, por falta de informação, por falta de catequistas preparados para este trabalho e também porque os pais não estavam motivados para participar neste projeto, as coisas não resultaram.

Sabemos que existem Dioceses onde este projeto da Catequese Familiar já está em andamento e com resultados positivos, com a envolvência dos pais na catequese, na participação das celebrações, etc.

Neste sentido, vamos apostar este ano novamente na Catequese Familiar com a vinda da Drª Cristina Sá Carvalho (do Serviço Nacional de Evangelização e Catequese), depois da Páscoa, para fazer uma apresentação detalhada da Catequese Familiar e também do Despertar Religioso. Para tal contamos com o envolvimento dos párocos, que são os primeiros responsáveis pela catequese nas suas paróquias e também, claro, com catequistas que queiram fazer parte deste novo projeto.

 

 Sítio Igreja Açores- Estamos à beira da abertura de um novo ano pastoral. Qual vai ser a estratégia do Serviço Diocesano de Apoio à Catequese e Evangelização?

Pe António Henrique Pereira– Tal como acontece com todos os outros Serviços Diocesanos, é difícil chegar a todas as ilhas pelo que a ação do SDAEC fica quase sempre limitada à Terceira. A nossa vontade é chegar a um maior número de catequistas possível e estar em contato com todas as ilhas. Para tal pedimos que cada ilha nos indicasse um sacerdote responsável pela catequese nessa ilha e que fosse o elo de ligação com o SDAEC. Estamos também disponíveis, dentro das nossas limitações, para realizar algum trabalho onde seja necessário a nossa presença.

 

Sítio Igreja Açores- Que iniciativas diocesanas vão ser desenvolvidas?

Pe António Henrique Pereira- Como disse, a nossa atividade limita-se muito à ilha Terceira. Contamos realizar este ano, uma ação de sensibilização para a implementação da Catequese Familiar, com a vinda de Cristina Sá Carvalho do SNEC, e que contamos seja feita em S. Miguel, Terceira e Faial. No final de Novembro vamos realizar um Econtro de Formação Espiritual com a presença do Vigário geral, Pe. Hélder Fonseca Mendes. Iremos, também, iniciar um Curso Geral na Zona do Ramo Grande e tvamos ao Pico para concluir o Curso Geral que iniciamos no ano passado. À parte destas iniciativas haverá, certamente, outras que irão surgindo bem como aquelas que se realizam nas diversas ilhas com as catequistas.

 

 

Sítio Igreja Açores- Qual é a prioridade diocesana em matéria de catequese?

Pe António Henrique Pereira- Como sempre a nossa grande preocupação é a Formação, não só prática mas também espiritual. Infelizmente, existe hoje uma grande mobilidade das catequistas nas paróquias (este ano estão, no próximos já não estão), um entra e sai de catequistas, que dificulta a formação e faz com que muitas vezes nas nossas paróquias não se tenha uma boa equipa de catequistas bem preparada em todos os sentidos. O que temos muitas vezes são pessoas com boa vontade, mas que nunca deram catequese e não tiveram qualquer formação, e só a boa vontade não chega para termos uma catequese de qualidade.

 

Sitio Igreja Açores- As orientações diocesanas propõem uma “reconversão pastoral em chave missionária”. De que forma é que a catequese pode estimular esta reconversão?

Pe António Henrique Pereira- A catequese é Kerigma, isto é, anúncio e por isso as orientações pastorais vêm precisamente de encontro àquele que é o objetivo da catequese: anunciar Jesus Cristo aos homens do nosso tempo. Penso que a conversão pastoral em chave missionária, no que a nós diz respeito, poderá passar pela Catequese Familiar, não só como forma de gerirmos os recursos que temos mas, sobretudo, como uma maneira de chegarmos aos pais, de os envolver de uma forma mais direta e mais participativa na catequese dos filhos e, ao mesmo tempo, como uma oportunidade de formação para eles.

 

 

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