Nota Pastoral “Eis o tempo favorável” marca arranque do ano pastoral no próximo domingo
O Bispo de Angra quer aproveitar a data em que a Diocese assinala 480 anos para passar de uma “pastoral de enquadramento” para uma “pastoral de proximidade e acolhimento” e, para isso, propõe um processo de avaliação e verificação da realidade social, cultural e eclesial diocesana.
“Os tempos mudaram. Já não vivemos em regime de cristandade, em que, de algum modo, a Igreja “enquadrava” os fiéis, desde o nascimento até à morte” sublinha D. António de Sousa Braga pedindo ao clero que “enverede por um novo caminho missionário que leve o Evangelho às pessoas”.
Na nota pastoral intitulada Eis o Tempo favorável, a que o Sítio Igreja Açores teve acesso, que marca o arranque do ano pastoral, já no próximo domingo, dia 5 de outubro, o prelado diocesano sublinha a “empolgante ação pastoral que nos espera” nestes próximos anos que, “apesar da crise não deixam de ser uma oportunidade para o anuncio do Evangelho”.
“A situação atual não é mais dramática do que no passado para a missão evangelizadora da Igreja”, diz o responsável pela Igreja Católica nos Açores que “com a vinda de Jesus, o momento favorável – o “hoje de Deus” – chegou definitivamente e está destinado aperdurar”.
Na nota pastoral, D. António de Sousa Braga começa por fazer uma referência ao Sínodo sobre a família, cujas datas de começo e finalização coincidem com dois momentos particularmente importantes para o prelado: o arranque do ano pastoral diocesano e a beatificação do Papa Paulo VI que o ordenou sacerdote em 1970, em Roma.
D. António de Sousa Braga lembra que a Família “não é o tema central” do ano pastoral mas a diocese “tem de acompanhar a reflexão sinodal” “reforçando a organização da Pastoral Familiar, para estar preparada para assumir os desafios pastorais das duas Assembleias Sinodais sobre a Família”, que deve ser a “principal protagonista” desta nova etapa evangelizadora.
O Bispo de Angra, em comunhão “afetiva e efetiva” com o Papa Francisco pede “ousadia e coragem” para que a família açoriana asssuma o seu lugar na sociedade. E, lembra que a Semana da Educação Cristã, que começa justamente no dia 5 de outubro, seja “uma preciosa ajuda”, desencadeando “este processo de renovação”.
D. António de Sousa Braga deixa, depois, uma série de notas sobre algumas ações concretas a desenvolver na Diocese durante este ano pastoral que qualifica de “muito sugestivo e interpelante”.
A semana da diocese de 3 a 9 de novembro vai ficar marcada por encontros de formação nas ilhas Terceira (3 de novembro) e São Miguel (6 e 7 de novembro), destinadas ao clero e a leigos dentro da temática das “periferias existenciais”, conforme as orientações da Exortação Apostólica, A Alegria do Evangelho.
Além de uma missa solene para assinalar os 480 anos da diocese, na Sé de Angra, no dia 3 de novembro, haverá ainda um encontro de ouvidores em São Miguel(6 de novembro) para “sinalizar e caracterizar” as periferias dos Açores, com a realização de duas palestras sobre o tema, feitas por especialistas.
“Esta Semana da Diocese é o 1º momento forte da programação pastoral deste ano, que se concentra na questão das periferias existenciais, como desencadear um processo de sinalização e de caracterização, para se inserir nelas, com a luz do Evangelho? Como é que as comunidades cristãs e os Serviços Pastorais chegam e se envolvem nas periferias? O que se entende por periferias existenciais? Não está em questão só a pobreza material”, interpela o prelado diocesano.
Além da questão das periferias, D. António de Sousa Braga sublinha a importância da “formação permanente do clero” que este ano vai ter “um novo impulso”.
O Conselho Presbiteral insistiu muito nesta questão e o Bispo de Angra alerta para a necessidade de uma participação efetiva dos sacerdotes nos “três momentos fortes dessa formação”.
O primeiro será o Retiro Anual, orientado pelo Pe. Abílio Pina Ribeiro, Claretiano, de 26 a 29 de Janeiro de 2015, em Angra e de 2 a 5 de Fevereiro de 2015, em Ponta Delgada. Dentro destes dois turnos, haverá duas sessões de reciclagem do Clero sobre a Pregação-Homilia, sob a orientação dos Dominicanos. De 6 a 10 de abril haverá também um turno de retiro para o Clero, na Ilha do Pico, sob a orientação do Cónego António Rego.
A reunião do Conselho Presbiteral está agendada para a semana de 20 a 24 de abril e, nessa altura, o Bispo de Angra espera que haja “uma corajosa análise, o mais possível objetiva, da realidade eclesial e das possíveis respostas adequadas ao momento atual que vivemos e à realidade de um território disperso em nove Ilhas, cada uma com as suas caraterísticas e vivências”.
Para o prelado diocesano esta saída exige uma “descentralização efetiva da dinâmica pastoral, com a consequente revalorização da Unidade Pastoral/Ouvidoria”. E deixa um desafio.
“Poderia ser muito útil e inovador aprofundar e aprovar a proposta de Estatutos para a dinâmica da Cúria Diocesana, nesta perspetiva descentralizada, que revaloriza as Ouvidorias” sublinha a nota que dá como exemplo a formação permanente de leigos que deve ser assumida pelas ouvidorias.
O bispo de Angra exorta ainda a diocese a celebrar a semana dos seminários, de 9 a 16 de novembro, ” uma ocasião propícia, para consolidar todo o apoio e ação em prol das vocações aos ministérios sagrados”.
Apesar da dimuinuição significativa do número de alunos, o bispo de Angra diz que “não podemos desfalecer” e todos são convocados a “preparar bem o terreno e a semear comabundância e muita confiança. Há-de chegar o tempo da colheita”.
O Seminário abriu este ano letivo com 17 alunos, menos quatro que no ano passado; 12 deles são de São Miguel, o que merece um sublinhado do prelado diocesano no sentido de alertar, uma vez mais, para o facto de haver ilhas “que não dão um seminarista há anos”.
Finalmente, a nota pastoral deixa uma referência ao Ano da Vida Consagrada.
“Vamos envidar esforços no sentido de dar a conhecer a Vida Consagrada na Igreja, nomeadamente na nossa Igreja Particular. Por isso, proponho que se retome o encontro do Bispo com os crismandos, que se realizava há uns anos, antes da celebração do Sacramento do Crisma”, diz D. António de Sousa Braga.