O Papa assinalou hoje no Vaticano o Dia Mundial das Missões 2020, celebrado pela Igreja Católica, destacando o trabalho dos missionários e missionárias na construção da “fraternidade”, em todo o mundo.
“Cada cristão é chamado a ser tecedor de fraternidade. São-no, de modo especial, os missionários e missionárias – sacerdotes, leigos, consagrados – que semeiam o Evangelho no grande campo do mundo. Rezemos por eles e ofereçamos-lhe o nosso apoio concreto”, disse Francisco, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa manifestou publicamente a sua gratidão pela recente libertação do padre italiano Pier Luigi Maccalli, da Sociedade de Missões Africanas.
“Desejo agradecer a Deus pela tão aguardada libertação do padre Pier Luigi Maccalli. Saudemo-lo com um aplauso”, referiu.
O missionário foi libertado 8 de outubro, no Mali, depois de mais de dois anos em cativeiro às mãos de um grupo jihadista.
“Alegramo-nos também porque, com ele foram libertados outros 3 reféns”, disse o Papa, em referência ao italiano Nicola Chiacchio, à trabalhadora humanitária francesa Sophie Pétronin e ao político maliano Soumaila Cisse.
Francisco convidou a rezar pelos missionários, os catequistas e por todos “os que são perseguidos ou sequestrados em várias partes do mundo”.
A celebração do Dia Mundial das Missões acontece anualmente no terceiro domingo de outubro; os donativos recolhidos nas Missas destinam-se a apoiar o trabalho das Obras Missionárias Pontifícias.
A mensagem do Papa o 94.º Dia Mundial das Missões, divulgada na última solenidade do Pentecostes (31 de maio), assume que a pandemia de Covid-19 deve ser um “desafio também para a missão da Igreja”.
“Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida”, escreve Francisco.
A mensagem sublinha ainda o impacto da suspensão das celebrações comunitárias, que levou a pensar nas “muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a Missa todos os domingos”.
Num texto com o título ‘Eis-me aqui, envia-me’, passagem do livro bíblico do profeta Isaías (Is 6, 8), Francisco evoca as “tribulações e desafios causados pela pandemia de Covid-19” e recorda a intervenção da bênção especial ‘Urbi et Orbi’ de 27 de março, numa Praça de São Pedro deserta: “Neste barco, estamos todos”.
O Papa disse hoje no Vaticano que “os impostos devem ser pagos”, num comentário à passagem do Evangelho sobre Deus e César, que inspira “distinção entre as esferas política e religiosa” no Catolicismo.
“O pagamento de impostos é um dever dos cidadãos, assim como o cumprimento das leis justas do Estado. Ao mesmo tempo, é necessário afirmar o primado de Deus na vida humana e na história, respeitando o direito de Deus ao que lhe pertence”, referiu Francisco, antes da recitação da oração do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício.
A intervenção partiu da passagem lida este domingo nas celebrações da Eucaristia, em todo o mundo, na qual Jesus afirma: “Devolvei, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (de acordo com a nova tradução da Bíblia proposta pela Conferência Episcopal Portuguesa).
“Nesta frase de Jesus encontramos não apenas o critério de distinção entre as esferas política e religiosa, mas emergem orientações claras para a missão dos fiéis de todos os tempos, também para nós hoje”, sustentou Francisco.
Segundo o Papa, a resposta de Jesus Cristo procura superar uma “armadilha” colocada pela “hipocrisia dos seus adversários”, que o questionam sobre se seria lícito pagar impostos ao imperador romano.
A reflexão dominical destacou que Jesus se coloca “acima da polémica” para sublinhar que é a Deus que “cada um deve a sua própria existência”.
Francisco desafiou os católicos a ser “presença viva na sociedade, animando-a com o Evangelho e com a linfa vital do Espírito Santo”.
“Trata-se de comprometer-se com humildade e, ao mesmo tempo, com coragem, contribuindo para a construção da civilização do amor, onde reinem a justiça e a fraternidade”, apontou.
No final da oração, o Papa rezou pelos 18 pescadores italianos que estão presos na Líbia desde o início de setembro, para que “mantenham viva a esperança de poder abraçar, o mais rapidamente possível, os seus entes queridos”.
A intervenção aludiu às várias negociações que procuram encerrar o atual conflito interno no território líbio.
“Chegou a hora de terminar qualquer forma de hostilidade, favorecendo o diálogo que leve à paz, à estabilidade e à unidade do país”, concluiu Francisco.
(Com Ecclesia)