Francisco lamenta clima crescente de «hostilidade» e «sofrimento» para os dois povos.
O Papa telefonou hoje aos presidentes de Israel e da Palestina, Shimon Peres e Mahmoud Abbas, para lhes transmitir a sua preocupação perante a atual situação de conflito, “que afeta particularmente a Faixa de Gaza”.
A sala de imprensa da Santa Sé revela em comunicado que Francisco quis reforçar o apelo à paz que tinha lançado este domingo, no Vaticano, para superar um “clima crescente de hostilidade, ódio e sofrimento” para israelitas e palestinos.
A situação, acrescenta a nota, está a deixar “numerosíssimas vítimas” e criou uma “grave emergência humana”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou hoje que o exército intensifique a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, que tem como objetivo destruir os túneis subterrâneos construídos pelo Hamas para a entrada de mercadoria, dinheiro e armamento naquele território.
Pelo menos 260 palestinos morreram e 1770 ficaram feridos em cerca de duas semanas de confrontos; do lado israelita morreram um civil e um militar.
Francisco disse a Peres e Abbas que é necessário “continuar a rezar e a trabalhar para que todas as partes envolvidas e os que têm responsabilidades políticas a nível local e internacional se comprometam no fim da hostilidade”.
O Papa apela a “uma trégua”, em favor da “paz e da reconciliação dos corações”.
“Como fez durante a sua recente peregrinação à Terra Santa e por ocasião da invocação pela paz do último dia 8 de junho, o Santo Padre assegurou a sua intercessão incessante e a de toda a Igreja pela paz”, informa o comunicado da Santa Sé.
Também o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (Santa Sé) enviou hoje uma mensagem aos muçulmanos de todo o mundo, pelo fim do mês do Ramadão, apelando a um compromisso comum pela paz e os pobres.
“Inspirados pelos nossos valores comuns e fortalecidos pelos sentimentos de fraternidade genuína, somos chamados a trabalhar juntos pela justiça, a paz e o respeito pelos direitos e dignidade de cada pessoa”, refere o texto, assinado pelo presidente do referido conselho pontifício, cardeal Jean-Louis Tauran.
“Sentimo-nos responsáveis de forma particular pelos que estão em maior necessidade: os pobres, os doentes, os órfãos, imigrantes, vítimas de tráfico humano e os que sofrem com qualquer forma de dependência”, acrescenta o documento divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé.
O Ramadão, um mês sagrado para os muçulmanos, começou a 27 de junho.
A mensagem da Santa Sé tem como título ‘Rumo a uma autêntica fraternidade entre cristãos e muçulmanos’, propondo a construção de “pontes de paz e de reconciliação” especialmente nos países em que os crentes das duas religiões “sofrem o horror da guerra”.
Na mensagem, o cardeal Tauran saúda todos quantos vão participar na festa do ‘Id al-Fitr’, depois de um mês dedicado “ao jejum, à oração e à ajuda aos pobres”.
O texto de 2013 para esta ocasião tinha sido assinado pessoalmente pelo Papa Francisco, poucos meses depois da sua eleição.
“Cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs numa única família humana, criada pelo Deus Uno”, refere o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, que evoca ainda São João Paulo II e o seu empenho neste sentido.
O documento fala em desafios do mundo contemporâneo que exigem “solidariedade”, como as ameaças ao meio ambiente, a crise económico ou os altos números do desemprego, em particular entre os jovens.
“Oremos para que a reconciliação, a justiça, a paz e o desenvolvimento continuem a estar entre as nossas prioridades, para o bem-estar e o bem de toda a família humana”, pede o cardeal francês.