O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, afirmou hoje que a pandemia desafia os media a “outra qualidade de comunicação”, com “mais profundidade e mais tempo”.
“Este momento pede-nos um novo pacto de comunicação”, referiu o bibliotecário e arquivista do Vaticano, na conferência inaugural das Jornadas Nacionais de Comunicação Social 2020, a decorrer online.
A intervenção teve como tema ‘Palavras e presenças: desafios de uma pandemia à comunicação’, seguindo-se um debate com os mais de 100 participantes.
Segundo o cardeal português, os últimos meses mostraram maior interesse numa reflexão sobre o sentido da vida e não só sobre “os consumos dos imediatos”.
Esse interesse, acrescentou, traz a exigência de um tipo de comunicação “que toque dimensões que habitualmente não estão presentes”, fugindo “do imediato, da agenda, do momento”, com necessidade de “parábolas, de interpretar, de ir mais fundo”.
“A Comunicação Social não pode ser apenas um amplificador para as vozes presentes”, precisou.
A crise provocada pela Covid-19, indicou D. José Tolentino Mendonça, mostrou que “há questões absolutamente transversais, que dizem respeito a todos e que nos obrigam a um pensamento global, que coloca a pessoa humana no centro”.
“De certa forma, chegou o futuro, começamos uma nova etapa da história”, adiantou.
O colaborador do Papa destacou a descoberta de uma “interconexão fundamental” com a natureza, promovendo um “novo pacto ambiental”.
A intervenção chamou ainda a reforçar o “pacto comunitário” e “intergeracional”, alertando para a “situação gravíssima” dos lares, com a “institucionalização da velhice”.
Perante este novo futuro, há “desafios concretos” para os quais a Comunicação Social é chamada a “ajudar a pensar, criando espaços de reflexão”.
O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, da Igreja Católica em Portugal, promove entre hoje e amanhã as suas Jornadas Nacionais de formação e debate, este ano num formato inédito, através das nas plataformas digitais.
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. João Lavrador, saudou esta manhã todos os participantes, explicando a valorização de uma “nova metodologia”, com maior recurso ao digital, como se constatou durante a pandemia.
“Acabamos por ter um despertar da criatividade”, apontou o bispo da Diocese de Angra.
O responsável realçou que a o digital, hoje, é uma “comunicação em si mesma”, com conteúdo próprio.
“É necessário criar uma forma de estar, não pode ser só passar do presencial para o digital com os mesmos conteúdos”, precisou.
Para D. João Lavrador, “há um novo mundo que se abre a partir desta pandemia”.
Os trabalhos prosseguem esta tarde com grupos de trabalho sobre temas como informação, assessoria, imprensa regional, conteúdos digitais, eventos online e geração Z.
Na sexta-feira vai decorrer a entrega do Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão D. Manuel Falcão à reportagem multimédia do Expresso sobre o “adeus dos monges da Cartuxa” e, ainda, a título honorífico, ao programa 70×7, e aos jornais centenários Notícias da Covilhã e Jornal da Beira.
(Com Ecclesia)